Domingo, 01 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2025
Uma equipe de cientistas italianos identificou cinco descendentes vivos do renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519). Todos são homens e vivem na Toscana, não muito longe da região do país onde nasceu o pintor da “Mona Lisa”. Eles possuem DNA que corresponde a segmentos do cromossomo Y extraídos dos ossos do polímata, sepultado com a família na Igreja de Santa Croce, na cidade de Vinci.
Da Vinci morreu em 1519 e não deixou filhos. Acredita-se, porém, que ele teve 22 meios-irmãos. Pesquisadores afirmam já ter identificado 15 descendentes direitos do pai dele e suspeitam que a mãe do pintor, Caterina, pode ter sido uma mulher escravizada, procedente do Leste Europeu.
Os cinco descendentes identificados de Da Vinci parecem compartilhar algumas excentricidades e paixões de seu ilustre antepassado. O mais velho deles, Dalmazio Vinci, de 89 anos, é apaixonado por aviação: começou construindo aeromodelos e tirou licença de piloto. Também construiu alguns dos primeiros carrinhos de rolimã motorizados da Itália, a partir de cortadores de grama, e chegou a inventar novos sistemas de hélices para aviões e de refrigeração para navios, mas nunca patenteou nada. Da Vinci também sonhava ganhar o céu e projetou o “ornitóptero”, uma máquina voadora.
Já Mauro Vinci, de 79, é um artesão cuja tapeçaria adorna o leito de pessoas famosas, como o presidente russo Vladimir Putin. Bruno Vinci, de 81, trabalhou como metalúrgico e lembra que seu pai e suas tias passaram anos tentando provar (sem sucesso) que descendiam de Da Vinci.
“Já me perguntaram tantas vezes, de brincadeira, ‘então, você é descendente de Leonardo da Vinci?’. No fim, acabou sendo verdade”, disse Giovanni Vinci, técnico aposentado que trabalhou em um escritório de engenharia municipal, ao jornal britânico The Telegraph.
O mais novo dos descendentes, Milko Vinci, é canhoto, como seu ancestral famoso: “Desde pequeno, sempre gostei de desmontar as coisas para ver como funcionam”. Em tom de brincadeira, ele ressalvou que dizer “igual a Leonardo” seria “um grande exagero”.
Há anos uma equipe de pesquisadores, historiadores, biólogos moleculares e antropólogos forenses vem rastreando cuidadosamente a ancestralidade da família de Leonardo da Vinci. O resultado é uma árvore genealógica que remonta a 1331 e inclui a 21 gerações e mais de 400 pessoas.
Árvore genealógica
Lançado em 2016, o projeto que reconstitui a árvore genealógica do renascentista obteve recursos de diversos parceiros, públicos e privados, da Itália e dos Estados Unidos, e foi coordenado pela Universidade Rockefeller. Os pesquisadores se concentraram no rastreio do cromossomo Y, que é transmitido inalterado de pai para filho.
“Nossa meta ao reconstruir a linhagem da família Da Vinci até os dias atuais é possibilitar a pesquisa científica sobre seu DNA”, afirmou Alessandro Vezzosi, um dos pesquisadores. “Com a recuperação do DNA de Leonardo, esperamos entender as raízes biológicas de sua extraordinária acuidade visual, criatividade e, possivelmente, até aspectos de sua saúde e as causas de sua morte.”