Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2023
Que os próximos meses devem ser influenciados pelo fenômeno El Niño já se sabe após o anúncio de que um episódio teve início, mas na comunidade meteorológica não há consenso sobre a intensidade do fenômeno neste segundo semestre de 2023 e no começo de 2024.
Uma das ferramentas mais utilizadas pelos meteorologistas para prognosticar as condições do Oceano Pacífico é o levantamento do International Research Institute (IRI), da Escola de Clima da Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos.
Mensalmente, o IRI publica um gráfico e uma tabela com as anomalias de temperatura da superfície do mar previstas para a região Niño 3.4 que corresponde ao Pacífico Centro-Leste na região equatorial. São duas dezenas de modelos de clima, divididos em dinâmicos e estatísticos.
Então, há uma imensa diferença entre os que os modelos do tipo dinâmico e os estatísticos indicam para o Pacífico nos próximos meses. Os dinâmicos apontam um evento de El Niño moderado a forte e alguns até muito forte enquanto a média dos modelos estatísticos projeta uma situação apenas limítrofe entre neutralidade e El Niño.
Vejamos o caso do último trimestre deste ano, que corresponde ao período de outubro a dezembro. A média dos modelos climáticos dinâmicos indica uma anomalia de temperatura da superfície do mar de +1,67ºC, logo El Niño forte. Para o mesmo trimestre, a média de modelos estatísticos aponta +0,44ºC, uma neutralidade quente e sem El Niño.
Vários meteorologistas ressalvam que existem dois modelos de menor índice de acerto que derrubam esta média dos modelos estatísticos e que, por isso, os dinâmicos estariam mais perto da realidade. O modelo estatístico BCC RZDM da China e o IAP-NN, da Rússia, projetam Pacífico mais frio que a média. O chinês sinaliza anomalia de La Niña.
O climatologista Gavin Schmidt, director do Goddard Institute for Space Studies (GISS), da NASA, em Nova York, também está cauteloso sobre a possibilidade de um El Niño intenso ou um Super El Niño mais tarde neste ano.
A sabedoria convencional presta atenção às previsões do IRI, mas as previsões dinâmicas projetam um El Niño muito forte enquanto os modelos estatísticos são muito menos otimistas. A previsão de consenso divide a diferença para mais ou para menos, mas é bastante grande a diferença”, observa.
Ele propõe um outro método, de analogia histórica, usando simulações de modelos climáticos existentes. “A ideia é examinar centenas de anos de simulações e escolher os anos que mais se parecem com os de hoje e prever usando a média do que aconteceu”, explica.
E o que esse método sugere? Basicamente, segundo Schmit, El Niño com anomalia ao redor de +1,0ºC no final deste ano, no limite de fraco a moderado, portanto sem um evento muito forte ou Super El Niño.