Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2022
Os apocalíticos dizem que "tudo vai acabar em 10 anos".
Foto: ReproduçãoDepois de décadas no combate a negacionistas do aquecimento global, cientistas estão voltando suas preocupações para o crescimento dos “profetas do apocalipse climático”.
Esse novo grupo, chamado em inglês de “doomers”, está no lado oposto dos céticos da mudança do clima que veem seu discurso perdendo força diante de evidências como recentes ondas de calor, secas intensas e grandes enchentes, como a chuva dos últimos dias no Paquistão que já matou mais de 1.100 pessoas.
Parte dos apocalípticos tem em comum, porém, a prática de disseminar desinformação: em redes sociais como o TikTok, há desde a falsa mensagem de que “tudo vai acabar em 10 anos” até a ideia de que “nada mais pode ser feito para salvar o planeta”.
O tiktoker norte-americano Charles McBryde, com mais de 160 mil seguidores, disse em um vídeo do final do ano passado que “mais ou menos desde 2019 venho acreditando que há pouco ou nada que nós podemos fazer para realmente reverter a mudança climática em escala global”.
Meses depois, McBryde fez um vídeo mais direcionado à tomada de ações e à necessidade de pressionar políticos como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. E falou à imprensa para dizer que não se considera mais um “doomer”: “Me convenci que podemos sair dessa”.
Os desafios para conter o aquecimento global são, de fato, gigantescos. Um dos objetivos mais urgentes é limitar o aumento da temperatura no mundo em 1,5°C (em relação a níveis pré-revolução industrial) até o ano de 2030, e as ações atuais de governos e grandes empresas em direção a uma economia verde são consideradas insuficientes.
Mas o climatologista norte-americano Michael E. Mann teme que a popularização da narrativa apocalíptica se transforme no que ele chama de “inativismo” – ou seja, jogar a toalha enquanto ainda é possível fazer algo.
Em sua visão, essa ideia favorece a indústria dos combustíveis fósseis, que quer ganhar tempo e evitar perda de mercado enquanto o mundo faz sua transição para uma economia verde.
“Tudo isso reflete uma miopia egoísta, um benefício financeiro de curto prazo para poucos à custa de um sofrimento de longo prazo para todos nós. É difícil encontrar vilões piores do que negacionistas do clima e aqueles que querem adiar as ações”, diz Mann.