Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2025
O Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (o ICE, na sigla em inglês) afirmou que a cineasta brasileira Bárbara Marques, de 38 anos, que vive em Los Angeles desde 2018, permanecerá sob custódia até ser repatriada. Ela foi presa durante uma entrevista de residência permanente no país.
Em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo, o órgão disse que Marques “é uma estrangeira em situação irregular” e que “não possui documentos de imigração válidos que a autorizem a estar ou permanecer legalmente nos Estados Unidos”.
Seu marido, Tucker May, desmentiu o ICE e disse que o casal estava numa reunião relativa a um “green card” de Marques quando um funcionário usou a desculpa de que uma impressora estava quebrada para ludibriar a mulher e afastá-la de seu advogado.
Segundo a nota, agentes do ICE prenderam Marques em 16 de setembro. Ela teria permanecido nos EUA além do prazo do visto concedido quando entrou pela primeira vez no país, em 14 de março de 2018, e depois em 21 de novembro de 2019. O órgão diz ainda que um juiz de imigração determinou sua deportação para o Brasil.
O ICE acrescenta que “estrangeiros em situação irregular agora enfrentam uma possibilidade muito real e iminente de serem localizados, presos e deportados pelo ICE” e destaca “um compromisso renovado com a lei e a ordem liderado pelo presidente (Donald) Trump e pela secretária (de Segurança Interna, Kristi) Noem”.
De acordo com relatos do marido, a brasileira não havia sido notificada de uma audiência à qual precisaria comparecer. A reportagem procurou o Itamaraty, mas ainda não obteve resposta.
Procurado, o marido de Bárbara enviou uma nota afirmando que ele a família estão “aguardando informações oficiais e atualizadas sobre o processo judicial em curso”.
“O advogado que atua na causa interpôs um recurso para defesa dos direitos da Bárbara, uma vez que ela seguiu todos os trâmites legais e apresentou aos órgãos competentes todos os documentos necessários para emissão do ‘green card'”, segue a nota da família. “Aguardamos, com muita confiança na Justiça, uma decisão.”
Marques dirigiu um curta-metragem, “Cartaxo”, lançado em 2020, sobre o dia em que a atriz Marcélia Cartaxo foi homenageada no Los Angeles Brazilian Film Festival do ano anterior. Na ocasião, Cartaxo apresentou o filme “Pacarrete”, que venceu o Festival de Cinema de Gramado daquele ano.
Segundo o perfil da cineasta no IMDB, um dos maiores agregadores de informações sobre filmes, Marques fez outros curtas, como “Amor”, de 2018, sobre quando seu avô recebeu diagnóstico de Alzheimer, e “Basement”, de 2021, um terror com elenco americano.
Natural do Espírito Santo, a capixaba se formou em cinema no Rio de Janeiro, em 2015, e depois estudou atuação na Amda, uma escola de artes cênicas em Los Angeles, segundo relatou ao jornal A Gazeta.
Num primeiro momento, Marques foi levada para um centro de detenção de imigrantes em Adelanto, no estado da Califórnia. Depois, segundo seu marido, foi transferida para o estado do Arizona e agora está detida no estado da Louisiana, que seria o último ponto antes de uma possível deportação.
Ainda segundo May, Marques e outros detentos ficaram mais de 12 horas sem comida. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.