Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de outubro de 2015
As luzes, os brilhos, o glamour e os figurinos anunciam que, no palco, vai surgir uma estrela daquelas tipo Madonna, Beyoncé, Cher. E logo surge Claudia Raia, 48 anos, esbelta, divando no espetáculo “Raia 30 – O Musical”. A superprodução com texto de Miguel Falabella e direção de José Possi Neto comemora as três décadas de carreira de Claudia no teatro e na televisão.
“Meus amigos me encheram o saco para eu fazer o musical e não resisti. O Miguel é a pessoa mais apropriada para falar de mim, ele é debochado, emotivo, como eu sou”, conta a atriz, que emagreceu mais de 5 quilos com a rotina pesada de ensaios. “Saio do palco praticamente de maca”, conta, aos risos. São 18 trocas de figurinos, canto, atuação, além de coreografias que Claudia está revisitando. “Tem coisa que eu fazia aos 16 anos e estou repetindo agora”, conta a estrela.
E para trabalhar com a atriz precisa mesmo não fugir da raia. Com “disciplina militar”, ela exige foco e dedicação. “Mais ou menos não rola. Ou faz direito ou não vai trabalhar comigo. Escolho mais as pessoas pelo poder do trabalho do que pelo talento. Fui criada com disciplina militar, não podia ter um erro.”
Marcos Tumura, seu colega de elenco, entrega que Claudia gosta da pegada forte na hora das coreografias. “Ela diz pra gente: ‘Aperta! Eu gosto de ficar roxa’”, revela Tumura. Claro que Claudia teve que cortar muita coisa de sua trajetória para o musical caber em 90 minutos. “Não tem nada dramático em cena. Até porque meus momentos difíceis são contados de forma engraçada. Se é isso que vocês querem saber, não tem sangue”, diverte-se.
Quem sabe as derrotas, se é que Claudia as tem, fiquem para um próximo musical. “Estamos pensando no Claudia 80 anos. Vai se chamar ‘Raia que o Parta’. Aí vou contar tudo que vocês querem saber, o sangue estará nele. Vou poder falar um monte de besteiras que vão aliviar dizendo: ‘Deixa ela falar porque está velha, está doida’”, comenta, às gargalhadas.
Mas a velhice ainda não é algo que tire o sono da atriz. “Você vai ficando velho e vai ficando um pouco pretensioso, achando que sabe tudo, que não tem que ouvir mais nada, ditando regras. Eu não queria virar essa velha chata, quero ser uma Fernanda Montenegro, que ouve o que as pessoas têm a dizer, e aprende com isso”, elogia. “Perder a elegância nunca. Espero ter competência para ser uma velha elegante, chique, sofisticada, engraçada, que eu não perca o humor. Como diz a minha mãe [Odete Raia], a velhice é bruta, e é mesmo.”
Enzo e Sophia, filhos da atriz, sobem ao palco ao lado da mãe no musical destacando parte de sua vida pessoal. “São apenas duas participações deliciosas. Mistura o presente, o passado e o futuro.” Mas enquanto o futuro não chega, Claudia festeja seu atual momento. “A gente vive em um país onde é proibido você celebrar o seu próprio sucesso. Nos Estados Unidos, estaria todo mundo aplaudindo, mas o musical ficou bem-humorado, não ficou pretensioso, fugimos disso.”
Enredo de carnaval.
A cabeça de Claudia está sempre a mil por hora. Mesmo com esse espetáculo em cartaz até dezembro no Rio, a atriz se prepara para ser enredo de carnaval da escola de samba Nenê de Vila Matilde, de São Paulo, e promete dar vida a uma personagem bem distante das que já fez até hoje na sua carreira. (AD)