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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2021
A polícia do Haiti identificou, na última sexta-feira (9), 13 ex-militares da Colômbia acusados de integrar um comando de mercenários que assassinou o presidente Jovenel Moïse na madrugada de quarta (7). Dos 13, 11 estão presos e dois foram mortos ainda no dia do atentado.
Além de Manuel Antonio Grosso Guarín, que até 2019 pertencia ao Exército colombiano, e Maiger Franco Castañeda, de 30 anos, que já haviam sido identificados, também figura na lista o coronel reformado Carlos Giovanni Guerrero.
Grosso Guarín, de 41 anos, é um militar extremamente preparado que recebeu treinamento em um comando especial com instrutores americanos. Em 2013, ele foi designado para o Grupo de Forças Especiais de Contraterrorismo Urbano. Já Franco Castañeda fez um curso de lanceiro do Exército da Colômbia. Guerrero, por sua vez, assumiu em 2018 o comando do Batalhão de Infantaria Número Dois, em Chiquinquirá.
Ainda foram identificados, entre os presos, Víctor Alberto Pineda, John Jairo Ramírez, Jhon Jairo Suárez, Germán Alejandro Rivera García, Ángel Mario Yarce Sierra, Enalbert Vargas Gómez, Francisco Eladio Uribe Ochoa e Alejata Giral. Os mortos são Mauricio Javier Romero Medina e Duberney Capador Giraldo.
Segundo o jornal El Tiempo, Capador tem 40 anos, nasceu na cidade colombiana de Armenia e foi vice-primeiro sargento do Exército colombiano, tendo ingressado nas Forças Armadas em 1990. Já Romero Medina ingressou nas Forças Armadas no mesmo ano e seria sargento reformado.
De acordo com a investigação, nenhum dos ex-militares colombianos capturados estava na ativa — eles se aposentaram entre 2018 e 2020.
A motivação e os mandantes do assassinato ainda são desconhecidos, embora a movimentação dos suspeitos indique que o crime pode ter sido planejado com bastante antecedência. Ao todo, segundo a Polícia Nacional do Haiti, 28 pessoas participaram do complô, das quais 26 seriam colombianos. Das 28, 19 foram presas, três mortas e seis continuam foragidas.
Os Estados Unidos confirmaram que enviarão funcionários do FBI e do Departamento de Segurança Interna ao Haiti para ajudar nas investigações do crime, do qual também teriam participado dois haitianos que moravam na Flórida e tinham cidadania americana — James Solages, 35, e Joseph Vincent, 55.
Entre os presos há seis colombianos e dois moradores dos Estados Unidos. No total, foram presos 17 suspeitos de participação no assassinato do presidente Jovenel Moïse
A polícia colombiana informou que o trabalho de preparação do atentado teria durado 32 dias. Também descobriu-se que Grosso Guarín e Franco Castañeda integraram um grupo de pelo menos quatro colombianos presos que ingressaram no Haiti no dia 6 de junho a partir da República Dominicana, país fronteiriço que divide a mesma ilha no Caribe com o Haiti.
Segundo informações oficiais, este grupo viajou de Bogotá para a República Dominicana no dia 4 de junho, utilizando o aeroporto de Punta Cana, localizado no Leste do país. Em seguida, os quatro homens transferiram-se para Santo Domingo, a capital dominicana, onde, segundo fotos postadas em redes sociais, fizeram turismo por lugares emblemáticos, incluindo o Palácio Nacional, a cidade colonial, o Farol de Colón e o calçadão da orla local, chamado de Malecón de Santo Domingo.
Todas as fotos postadas por Grosso Guarín em suas andanças por Santo Domingo foram ao ar no dia 6 de junho.
Em uma delas, ele aparece com Mario Antonio Palacios Palacios, que, segundo documentos revelados pelo jornal colombiano El Tiempo, seria um “compatriota que tem documentos colombianos, mas aparentemente é de ascendência haitiana”. Seus amigos no Facebook incluem vários soldados colombianos.
A W Radio, da Colômbia, entrevistou Yuli, que se identificou como mulher de Francisco Eladio Uribe Ochoa, um dos capturados no Haiti. Ela disse que os colombianos não foram informados “exatamente para onde seriam levados, onde seriam necessários”. Seu marido teria sido recrutado como motorista por uma suposta empresa de segurança, para trabalhar como guarda-costas de famílias poderosas em outros países:
“Disseram que era uma oportunidade de trabalho com uma agência para cuidar das famílias de xeques”, afirmou ela. “Inicialmente, a empresa ofereceu US$ 2.700 por mês.”
Segundo ela, quem recrutou o marido foi “o sr. Capador, um dos que está morto”. A mulher acrescentou que o marido não lhe deu o nome da empresa que o contratou, mas disse que lhe deu a sigla “CTU”.
“Ele o conheceu em Chiquinquirá, Boyacá, quando ele era ativo antes da aposentadoria.”
O presidente da Colômbia, Iván Duque, deu instruções ao chefe da Direção de Investigação Criminal e Interpol (Dijin), o general de polícia Fernando Murillo, para ir ao Haiti apoiar as investigações.