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Saúde Com 40 anos, epidemia de HIV/Aids estará longe do fim se não houver investimentos

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Em junho de 2021, completam-se 40 anos que temos conhecimento dessa triste pandemia, responsável globalmente por cerca de 35 milhões de mortes até hoje.

Foto: Divulgação
Doença já matou cerca de 35 milhões de mortes em todo o planeta. (Foto: EBC)

No dia 5 de junho de 1981, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos publicou o primeiro relatório alertando ao mundo que havia uma nova doença se espalhando. Era a Aids. Somente dois anos mais tarde foi identificado que a causa era um vírus denominado HIV, que se transmitia na população principalmente por via sexual. Começava então uma pandemia.

Agora, em junho, completam-se 40 anos que temos conhecimento dessa triste pandemia, responsável globalmente por cerca de 35 milhões de mortes até hoje. Com razão, a data foi lembrada em todo o mundo em uma série de atos, cerimônias, reportagens e especiais produzidos pelos canais de comunicação.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Parada do Orgulho LGBT+, realizada no último domingo de modo totalmente virtual, teve como tema “HIV/Aids: Ame+, Cuide+, Viva+”. Com 8 horas de programação, a parada contou com rodas de conversa sobre prevenção e tratamento do HIV, discussões sobre as informações mais atualizadas da pandemia e espetáculos musicais.

No entanto, de todos os especiais celebrando as quatro décadas dessa pandemia, chama a atenção um da revista científica britânica “The Lancet”, reproduzinho uma série de artigos escritos por alguns dos maiores especialistas na área e disponíveis gratuitamente aos interessados no site da revista, na seção “Past Successes and Future Challenges” (“Sucessos do Passado e Desafios do Futuro”).

Em um dos artigos mais interessantes da coleção, a editora de saúde inglesa Udani Samarasekera entrevistou o microbiologista belga Peter Piot, um importante pesquisador do HIV/Aids que atua na área desde o princípio da pandemia na década de 1980, e fundador em 1995 do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), órgão que dirigiu até 2008.

As reflexões do cientista de 72 anos de idade, que esteve envolvido em momentos cruciais da história da pandemia de HIV/Aids, são de uma clareza raramente vista. durante um projeto de pesquisa que conduziu no Zaire, por exemplo, já em 1983 ele percebeu que se não enfrentado com seriedade o vírus tinha potencial para devastar um país inteiro, independente da orientação sexual de cada habitantes.

Em outro momento da entrevista, Piot conta como foram os primeiros anos da sua atuação no comando do UNAIDS. Segundo ele, o órgão foi de certa forma ingênuo por pensar que bastaria apresentar as evidências científicas de quão grave poderia ser a pandemia de HIV e o que havia disponível para se evitar uma catástrofe humanitária que todos os líderes mundiais e seus ministros da saúde automaticamente seguiriam as recomendações do órgão.

Rapidamente então o microbiologista entendeu que não se tratava apenas de uma questão de saúde, mas que os aspectos políticos, econômicos e de segurança eram tão ou mais importantes no enfrentamento da pandemia do HIV/Aids.

Conclusões

Entre as suas conclusões diante dos 40 anos do HIV/Aids, Peter Piot aponta que o ainda alto número de novos casos de HIV e de mortes por Aids no mundo mostra uma forma de acomodação. Segundo ele, o assunto HIV tem se mantido ausente demais da mídia e da cabeça das pessoas. E avalia que nas últimas décadas os gestores de saúde acabaram priorizando mais empenho e recursos destinados para o tratamento do que para a prevenção do HIV para não terem que lidar com temas complicados, como sexo, drogas e discriminação.

As reflexões do pesquisador sintetizam o que qualquer pessoa aprende quando se dedica a estudar a pandemia de HIV/Aids mais profundamente. A ausência de liderança, interesse e investimento no enfrentamento de uma pandemia torna pouco efetivo qualquer avanço obtido pela ciência e perpetua a crise sanitária sobretudo entre os mais marginalizados e vulneráveis.

Infelizmente foi isso que aconteceu no Brasil nesses 40 anos de HIV/Aids, e da mesma forma nesses 500 dias da covid. Se nada mudar, apesar de a ciência já ter desenvolvido as ferramentas para eliminá-las, daqui a 100 anos ainda estaremos celebrando o aniversário das duas pandemias.

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