A avaliação estava engasgada na garganta de muitas lideranças. Ontem, sem a presença de Lula, o diretório nacional do PT reuniu-se pela primeira vez após o afastamento da presidente Dilma e não poupou palavras para extravasar frustrações.
A resolução aprovada afirmou, entre muitos outros aspectos, que o partido foi “contaminado pelo financiamento empresarial de campanhas e acabou envolvido em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”.
Ainda que incorra em alguns equívocos no documento, o PT começou a busca de uma linha. Tenta reparar erros e sustentar a campanha eleitoral deste ano.
PREÇO ALTO
Muitos Estados decidiram ontem pedir moratória de um ano para o pagamento da dívida com a União. Primeiro, terão de apresentar um plano de contenção rigoroso e sem precedentes de gastos. A outra moeda de troca será convencer as bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado de que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está certo: há necessidade de aprovar o aumento de impostos.
Nas duas propostas, o desgaste dos governadores será inevitável.
PARA EVITAR AUTOFAGIA
A executiva gaúcha pressiona o diretório nacional do PDT para evitar a expulsão do deputado federal Giovani Cherini, que votou a favor do impeachment, além de mais seis parlamentares. Usa como argumento o episódio ocorrido em 1998: o partido tinha 90 prefeitos no Estado e rasgou as fichas de 18 porque apoiavam a reeleição de Antonio Britto e não o candidato do PT. Desde então, os trabalhistas passaram a enfrentar problemas de recomposição.
A tendência é de que Cherini seja apenas advertido.
PONTO FINAL
“Peço que a bancada do PT não faça mais referências ao meu avô Leonel Brizola nesta tribuna, buscando interpretar o que ele diria sobre comportamentos atuais. Isso tem o objetivo de provocar cisão na bancada do PDT, o que não será atingido.”
A manifestação foi feita ontem, durante a sessão plenária da Assembleia, pela deputada Juliana Brizola.
Não houve resposta.
UM DIA DEPOIS DO OUTRO
A bancada do PT defendeu com ênfase, ontem, a aprovação do projeto de reposição salarial dos servidores de poderes, com exceção do Executivo. O deputado Gabriel Souza surpreendeu, trazendo à tribuna um documento: a recusa do governo Olívio Dutra em conceder o mesmo benefício, alegando falta de recursos.
QUASE
Demorou um ano e três meses, mas aconteceu o primeiro choque forte entre deputados de partidos antagônicos na Assembleia. Ontem, com oito horas de sessão, Marcel Van Hattem sentiu-se censurado após insistentes idas à tribuna e avançou sobre Pedro Ruas que tinha intitulado as manifestações do adversário como “um circo”.
RÁPIDAS
* O deputado Enio Bacci faz a triste constatação: “Os bandidos têm mais medo de facções opostas na guerra do tráfico do que da Polícia.”
* Só neste ano, 805 policiais militares se aposentaram no Estado.
* Foi do deputado Frederico Antunes uma das definições precisas na sessão de ontem: “O governo é o mendigo de plantão.”
* A descoberta de escuta no gabinete de ministro do STF comprova: a cada dia, a República Surrealista dos Trópicos oferece novo capítulo.
