Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de dezembro de 2025
Com o aumento da taxa Selic para 15%, o número de empresas que buscam recuperação judicial cresceu 20% desde setembro de 2024, acendendo um alerta para a saúde financeira do mercado brasileiro e a necessidade de uma gestão de risco mais robusta.
A recente escalada da taxa básica de juros, a Selic, para 15% ao ano, tem gerado um efeito cascata na economia brasileira, culminando em um aumento de 20% nos pedidos de recuperação judicial desde o início do ciclo de alta, em setembro de 2024. Segundo dados da consultoria RGF & Associados, o número de empresas nessa situação atingiu o recorde de 5.285.O cenário de juros altos, implementado pelo Banco Central para conter a inflação, tem pressionado as finanças das empresas, que enfrentam custos mais elevados para rolar dívidas e obter novos financiamentos. De acordo com um levantamento da Elos Ayta, as despesas financeiras das companhias registraram um aumento de 21,6% em 12 meses, totalizando R$ 85,8 bilhões até setembro de 2025.
Setores mais afetados
O setor de serviços lidera o ranking de recuperações judiciais, com 1.207 empresas, seguido pela indústria (1.168), comércio (1.086), construção, energia e saneamento (1.014) e agronegócio (443). Embora o agronegócio não seja o setor com o maior número absoluto de casos, é o que apresenta o maior crescimento e a maior proporção de empresas em recuperação judicial, com 12,6 para cada mil CNPJs, em comparação com a média nacional de 2,04.
Impacto no agronegócio
O agronegócio, em particular, tem sofrido com a combinação de juros elevados e outros fatores, como problemas climáticos e de mercado. A dificuldade em rolar dívidas e as condições mais rígidas impostas por agentes financeiros têm levado muitos produtores à inadimplência. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as propostas de repactuação com taxas de até 20% ao ano inviabilizam a recuperação financeira de muitas empresas do setor.
Perspectivas para 2026
A expectativa de um corte na Selic para um patamar entre 12% e 13% em 2026 traz um alívio, mas o cenário ainda é de cautela. A redução dos juros demora a chegar na ponta, no crédito para empresas e consumidores, o que significa que os efeitos do aperto monetário ainda serão sentidos por algum tempo. Empresas mais expostas a ciclos de investimento, com alto endividamento e que necessitam de capital intensivo devem continuar a enfrentar dificuldades.
O aumento dos pedidos de recuperação judicial evidencia a importância de uma gestão de risco eficaz. Empresas que já apresentavam fragilidades estruturais, alto endividamento e baixa eficiência operacional foram as mais afetadas pelo cenário de juros altos. Para navegar em um ambiente econômico desafiador, é fundamental que as empresas adotem uma postura proativa na gestão de seus riscos financeiros, buscando otimizar sua estrutura de capital, renegociar dívidas e fortalecer suas margens operacionais. As informações são do portal de notícias UOL.