Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2022
O fim do estado de emergência sanitária relacionado à covid anunciado pelo Ministério da Saúde traz incerteza para o futuro da Coronavac. A vacina do Butantan pode deixar de ser aplicada no país.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa) anunciou nesta semana que está revisando as normativas sanitárias em resposta à pandemia, incluindo as resoluções que tratam do uso emergencial de vacinas e de medicamentos específicos para a doença.
Entre os imunizantes em uso no país, a Coronacac é o único com aprovação apenas para uso emergencial. Pfizer, Janssen e AstraZeneca já obtiveram o registro definitivo.
Segundo resolução da Anvisa publicada em dezembro de 2020, autorização de uso emergencial e temporário da CoronaVac será válida até o reconhecimento pelo Ministério da Saúde de que não há mais situação de emergência em saúde pública.
Segundo o Instituto Butantan, os estudos sobre o imunizante continuam.
“A questão do registro definitivo está em curso com o fornecimento de documentos. Existe pendência em relação a alguns testes que são feitos na China e aqui no Brasil também em relação à variante ômicron. Mas é um processo que nunca foi interrompido”, disse o diretor do Butantan, Dimas Covas.
Mesmo sem o registro definitivo, a Anvisa já atestou a segurança e a eficácia da CoronaVac. Por isso, o Ministério da Saúde solicitou à agência que mantenha por mais um ano a autorização para o uso emergencial.
A ideia do governo federal é continuar usando a vacina – mas só em crianças e adolescentes de 5 a 18 anos.
“Em adultos, esse imunizante, eu penso que é um consenso nos países que têm agencias regulatórias do porte da Anvisa, que ele não é utilizado para o esquema vacinal primário. Ele pode ser usado para o esquema vacinal primário aqui no Brasil para a faixa etária compreendida entre 5 e 18 anos”, disse o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Primeira vacina aplicada
A Coronavac começou a ser aplicada no Brasil em 17 de janeiro de 2021. Apenas em 12 de março, o país começou a aplicar a vacina da Astrazeneca produzida na Fiocruz, segundo imunizante liberado pela Anvisa.
O infectologista Jamal Suleiman destaca que foram quase dois meses apenas com a Coronavac — e mesmo assim o Brasil conseguiu reduzir o número de pessoas que evoluíam para formas graves da doença. Ele defende que a vacina continue sendo usada entre os mais jovens.
“Eu acho que a Coronavac cumpriu e cumpre o seu papel diante da pandemia. Conseguiu reduzir substancialmente o número de pessoas que evoluíam pra formas graves. Ela é, de fato, uma vacina bastante segura pra uso em crianças e adolescentes. Ela precisa ser mantida nesse portfólio, nesse catálogo, porque a gente precisa oferecer esse tipo de vacina para outras pessoas que não podem receber outros tipos de plataforma”, afirma.
Especialistas também lembraram que a Coronavac pode ser vendida a países mais pobres, com dificuldade para ampliar a cobertura vacinal, já que o imunizante é mais barato e fácil de armazenar e disponibilizar para a população.