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Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2021
Hotéis com poucas suítes, pratos com assinatura de chefs e passeios privativos. O turismo de luxo já reunia características naturalmente opostas à ideia de aglomeração. Junte a essa equação fronteiras fechadas para viagens internacionais de brasileiros e protocolos de segurança sanitária reforçados no segmento. Resultado: as viagens de alto padrão são tendência no País.
“A restrição de ida ao exterior desencadeou uma oportunidade para o Brasil: por que não oferecermos o que muitos brasileiros buscavam no exterior? Serviços de luxo e de pós-luxo, com conexão entre design, gastronomia e natureza, têm clientes certos entre brasileiros que encontravam isso na África do Sul, na Provence, na Patagônia, e lá deixavam milhões de dólares”, afirma Jaqueline Gil, pesquisadora do Laboratório de Estudos de Turismo e Sustentabilidade da Universidade de Brasília (Lets/unb) e fundadora da Amplia Mundo, consultoria de inovação e planejamento de cenários futuros em turismo e hospitalidade.
Em Florianópolis, a demanda por turismo de luxo é altíssima, porém a oferta é restrita, segundo Eduarda Tonietto, diretora criativa da Milano Incorporada, detentora do Fuso Concept Hotel. Aberto em dezembro em Jurerê Internacional, o hotel pretende ser uma opção de fácil acesso, a uma hora de voo de São Paulo – tarifas desde R$ 1.900 (com café, para casal). “O desejo foi criar um produto para o público que aprecia serviço impecável e exclusividade.”
É o estilo também da Six Senses, que em fevereiro passou a administrar o Botanique, hotel no meio da natureza, na região paulista de Campos do Jordão. Gastronomia e spa foram repaginados. “Desde o nosso primeiro hotel nas Maldivas, acreditamos que a essência do luxo está em experiências extraordinárias, para nos reconectarmos com nós mesmos, os outros e o mundo”, explica Dominic Scoles, gerente-geral do hotel, com diárias para dois desde R$ 2.277 com café.
A vivência do hóspede ganha mais importância agora. “A qualidade de instalações e serviços conta muito para cativar quem estava mais acostumado a viajar para o exterior. Felizmente o Brasil dispõe de belos hotéis com ótimo serviço”, diz Antonio Mazzafera, CEO do Fera Hotéis. Com café, a diária para dois sai entre R$ 925 e R$ 2.881 em Salvador.
Novos hóspedes
No tradicional Belmond Copacabana Palace, no Rio, aumentaram as reservas feitas por quem nunca tinha ficado lá. “Vimos aumento de 21,94% de novos hóspedes, extremamente relevante para o Copa, com muitos clientes habituais. Contabilizamos 1.399 novos hóspedes”, diz Ulisses Marreiros, gerente-geral do hotel – tarifas desde R$ 2.013, para dois com café.
O Copa faz parte da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), cujos integrantes tiveram ocupação média de 70% em dezembro e janeiro. “Muitos ficam em áreas remotas, e não temos hotéis grandes”, diz Simone Scorsato, CEO da associação de turismo de luxo. “O Brasil foi redescoberto. Lençóis Maranhenses e Amazônia são destinos que o brasileiro desconhecia.”
Carol Razuk costumava viajar para o exterior. “A gente tem esse olhar para fora. Com a pandemia, tive a chance de apreciar o Brasil.” Foi com a mãe à Serra Gaúcha e com o irmão ao Norte. “Minha experiência na Amazônia foi muito boa, impecável.” Ela se hospedou no Lodge Mirante do Gavião, hotel de selva com pacotes desde R$ 2.871 por pessoa (traslados, uma noite de acomodação, passeios e refeições).
Da viagem, trouxe máscaras de escamas de pirarucu. Carol trabalha com design de joias de alto padrão e pensa em uma coleção sobre a Amazônia. “Não quero só usar material ou símbolos de lá. Para ter um real significado, queria fazer algo que desse um retorno para a comunidade.”