Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2021
O número de mortes por covid-19 no Brasil teve queda de 15% na última quinzena, num sinal incipiente de arrefecimento da segunda onda. Em relação ao pico da média móvel de 3.125 mortes em 12 de abril, foi uma queda de 25%.
A atual taxa de mortalidade diária no País, porém, tem média de 2.329, o dobro do auge visto no ano passado. Para especialistas, é preciso manter os esforços de resposta à pandemia.
Especialistas recomendam conter qualquer entusiasmo com as estatísticas.
“Os valores de casos e óbitos ainda são muito altos, o que implica que as medidas de contenção não devem ser aliviadas nas próximas semanas”, diz o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da USP.
Na opinião dos pesquisadores, é preciso que haja cautela para que a pressão por reabertura da economia não sabote as medidas de distanciamento. Essa pressão cresce à medida que a queda de faturamento das empresas se agrava no País, junto com o desemprego, e precisa ser equilibrada com a necessidade de medidas de distanciamento.
Para a epidemiologista Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, ainda não está claro se a curva de queda vista agora é consistente em todos os lugares.
“Para justificar recuo nas medidas de restrição, a queda teria que ser drástica, vigorosa, e por mais duas ou três semanas. Não há segurança ainda de que a tendência de aumento não possa voltar”, diz a especialista.
A resposta à pandemia precisa levar em conta a situação de cada Estado, dizem os cientistas, pois ainda há uma variedade de cenários. O Rio, por exemplo, está com dificuldade de consolidar a tendência de queda.
Para Gulnar Azevedo, o Estado encara situação pior que o resto do Sudeste por ter enfrentado meses de tumulto na administração pública ao longo do último ano, o que prejudicou o planejamento da reação à epidemia.
Segundo Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, outro fator que explica a demora do Rio em reduzir a mortalidade é o momento da epidemia nos municípios.
“O Rio começou a vivenciar a segunda onda depois dos outros Estados. O que vemos é o mesmo movimento, só que mais atrasado”, explica.
Para Chebabo, os Estados que estão em situação aparentemente mais confortável também precisam ficar atentos.
“Minha maior preocupação é o inverno, que é muito mais rigoroso na região Sul”, diz o infectologista.
Segundo Chebabo, como a pandemia já está no Brasil há mais de um ano, ela já dá sinais de que pode se encaixar numa dinâmica sazonal.
Combate regionalizado
Na opinião de Gulnar Azevedo, a variedade de cenários que existe no País ainda é muito dependente da qualidade de políticas públicas de cada Estado ou município, uma vez que o governo federal atuou pouco para coordenar medidas de contenção do vírus em Estados e municípios.
Todos os especialistas consultados, porém, afirmam que um empenho crucial para a resposta brasileira à pandemia agora deve acelerar a vacinação da covid-19.
O Brasil vacinou até agora, com duas doses, 17.039.463 pessoas, ou seja, 8,05% da população, e ainda não há sinal de arrefecimento da covid-19 na população geral. Há um recuo incipiente da doença entre o grupo dos idosos acima de 70 anos, muitos dos quais tomaram a segunda dose do imunizante há mais de um mês.