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Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2018
Com a disparada no número de brasileiros que foram morar e estudar no exterior, as remessas de dinheiro do Brasil a outros países ultrapassaram US$ 1 bilhão (R$ 4 bilhões) no primeiro semestre deste ano. Trata-se do maior volume para o período da série histórica do BC (Banco Central), iniciada em 1995.
O movimento, causado pelo medo da violência, falta de perspectiva econômica e sensação de instabilidade pelo cenário indefinido da eleição presidencial, vem se intensificando desde o ano passado. Segundo imobiliárias, corretoras de câmbio e empresas de remessas, o salto mostra que os recursos estão sendo usados não apenas para a manutenção de imigrantes e estudantes, mas também para ajudar na compra de casas ou mesmo para a abertura de pequenos negócios.
De acordo com o BC, não há limite para o envio de dinheiro a outros países por pessoas físicas, mas os próprios bancos e as empresas de remessas tendem a pedir explicações da origem dos recursos se o volume for muito elevado ou incondizente com renda ou bens.
A Receita também monitora essas transações. Um detalhe que chama a atenção é que houve queda pela metade no envio de recursos para os Estados Unidos, que costumam ser o principal destino dessas transações. O resultado seria consequência da valorização do dólar em relação ao real.
Portugal e Canadá aparecem como os campeões no crescimento das remessas, com altas de 230% e 228,4%, nessa ordem, nos valores enviados em relação ao mesmo período de 2017.
Não por acaso, entre março de 2016 e outubro do ano passado, houve uma alta de 222% no número de brasileiros que possuem o “Golden Visa” português, segundo dado divulgado pela consultoria imobiliária inglesa Athena Advisers. Esse é um tipo de visto de residência permanente concedido, por exemplo, a compradores de imóveis acima de 500 mil euros (R$ 2,3 milhões).
“Há dois anos, o movimento era mais de aposentados. Agora, são famílias com filhos pequenos, pessoas que estão abrindo lojas e negócios”, diz Guilherme Grossman, sócio da imobiliária Consultan, criada no Rio de Janeiro e que atua em Portugal há 30 anos. “O motivo é a insegurança, a violência, a sensação de que não têm perspectiva no Brasil”, explica.
No caso do Canadá, o crescimento está mais ligado a um aumento do número de brasileiros indo estudar no país. Além do tradicional intercâmbio realizado por jovens, está em alta o número de profissionais que, motivados pela incerteza do mercado de trabalho no Brasil, buscam cursos de negócios, especializações e MBAs no exterior.
Destinos europeus como Alemanha, Reino Unido e França também registram crescimento de 188,5%, 84,5% e 79,5%, respectivamente, em envio de recursos com origem no Brasil.