Sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de maio de 2020
A pandemia de coronavírus causou muitos problemas para a economia global, mas as medidas de isolamento social que restringem a circulação de pessoas também ajudaram, por outro lado, algumas empresas a prosperar. No entanto, mesmo nas histórias de sucesso, é preciso interpretar os dados com cuidado.
Por exemplo, muitos estão usando a internet para fazer compras, o que pode ser uma notícia boa para o comércio eletrônico. Mas os números da gigante americana Amazon, no entanto, contam uma história diferente.
Pertencente ao homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, a empresa ganhou as manchetes em meados de abril como uma das vencedoras claras da crise dos coronavírus, com hordas de clientes entrando em seu site e gastando cerca de US$ 11 mil (R$ 63 mil atualmente) por segundo. Em resposta, as ações da Amazon registraram um aumento histórico.
Mas duas semanas depois, os contadores do grupo se viram diante de uma situação diferente. Dizem que a empresa poderá sofrer perdas pela primeira vez em cinco anos, quando seus dados financeiros forem divulgados entre abril e junho.
Despesas
Apesar de ter gerado muito mais dinheiro entre janeiro e março, a Amazon enfrenta custos crescentes para lidar com o aumento de pedidos, forçando-a a contratar 175 mil trabalhadores a mais.
A empresa diz que terá que gastar US$ 4 bilhões para lidar com a disseminação da covid-19, que inclui fornecer a seus trabalhadores equipamento de proteção individual e realizar operações de desinfecção em seus gigantescos armazéns.
Esse valor excede os ganhos da Amazon durante o primeiro trimestre de 2019 (US $ 2,5 bilhões). A Amazon tem resistido há muito tempo aos sindicatos, argumentando que prefere falar diretamente com seus funcionários sobre quaisquer preocupações que eles tenham.
Antes de seu anúncio sobre o custo dos custos da covid-19, a Amazon havia sido criticada por razões de segurança pela forma como trata sua força de trabalho durante a pandemia.
Entretenimento doméstico
O setor de entretenimento doméstico tem sido um vencedor claro na quarentena, mantendo uma tendência crescente que já vinha de antes. Nos últimos anos, o streaming vem se tornando cada vez mais popular.
Apesar do número de pessoas que foram ao cinema em todo o mundo ter crescido 18% nos últimos dois anos, as assinaturas da Netflix aumentaram 47% no mesmo período. Não é de surpreender que o setor de entretenimento doméstico prospere quando tantas pessoas não têm escolha a não ser ficar em casa.
“Na Itália e na Espanha, por exemplo, as novas instalações de aplicativos da Netflix aumentaram 57% e 34% durante o confinamento (respectivamente)”, disse à BBC o analista de tendências Blake Morgan. “As pessoas precisam de entretenimento e escapismo agora mais do que nunca.” A Netflix anunciou em 22 de abril que ganhou quase 16 milhões de novos clientes entre janeiro e abril.
Produções paralisadas
Mas, mesmo em um caso tão bem-sucedido, há aspectos negativos. As condições de confinamento paralisaram a produção de novas séries e filmes. Além disso, muitas moedas nacionais perderam valor devido à pandemia, o que significa que os mais novos clientes internacionais da Netflix não estão trazendo tanto dinheiro para a empresa americana.
Outra grande empresa de entretenimento americana que teve lucro mas também perdas durante a pandemia é a Disney. A empresa teve que fechar seus parques de diversões quando as medidas de contenção foram implementadas. Isso custou à Disney pelo menos US$ 1,4 bilhão, de acordo com o CEO Bob Chapek.
Mas, ao mesmo tempo, a demanda pelos serviços de streaming da Disney explodiu. A plataforma Disney+, lançada em novembro, agora tem quase 55 milhões de assinantes, número que a Netflix levou cinco anos para obter.