Terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2023
GAM3, que administra o parque, afirmou que o consórcio tem autorização para retirar vegetação do local, com compensação de 1.906 novas árvores
Foto: DivulgaçãoA Cosmam (Comissão de Saúde e Meio Ambiente) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu, na terça-feira (4), para debater o projeto de revitalização do Parque Harmonia. No final do encontro, a comissão decidiu que irá oficiar a prefeitura para pedir a interrupção das obras no local.
O vereador Aldacir Oliboni (PT) afirmou que o parque está sendo descaracterizado e que há uma “destruição ambiental” ocorrendo no local. Ele disse que o cenário atual das obras é “impactante”. O vereador destacou que a remoção de árvores causa perda da biodiversidade local, impacta as espécies animais e a qualidade do ar e degrada o solo, o que pode causar alagamentos no entorno. Segundo ele, a bacia de amortecimento da água não existe mais no local. O vereador ressaltou que está sendo colocado piso de concreto onde antes havia vegetação.
De acordo com o vereador, os ruídos de shows nos finais de semana afetam a população dos bairros próximos e os frequentadores da Orla do Guaíba. Ele também questionou se o Estudo de Viabilidade Urbanística está sendo cumprido. “A empresa não pode estabelecer modificações no projeto aprovado a seu bel-prazer”, disse Oliboni. O petista pediu a paralisação das obras e a reavaliação do projeto em execução.
Durante a reunião da Cosmam, a vice-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Simone Azambuja, fez uma apresentação sobre a história e a concepção do Parque Harmonia. Ela mostrou registros dos anos 1980 que apontam que o Porto dos Casais – nome original do parque – foi projetado para a prática de esportes e lazer. Simone ressaltou que o local era utilizado para depósito de materiais de construção e de limpeza e foi regenerado para o estabelecimento de um parque.
O sócio-conselheiro da GAM3, que administra o parque, Piettro Boscardin, afirmou que o consórcio tem autorização para retirar a vegetação, com a remoção de 432 árvores e compensação de 1.906 novas árvores. “É uma compensação de cinco para um, respeitando a natividade”, disse. Ele afirmou que a maior parte das árvores removidas era exótica e que parte delas apresentava risco fitossanitário. Boscardin destacou que a concessionária tem responsáveis técnicos e que o projeto conta com acompanhamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade.
“Nenhuma árvore foi retirada sem a devida autorização”, disse Carla Deboni, diretora da GAM3. Ela destacou que o consórcio está cumprindo obrigações legais e contratuais e afirmou que o projeto passou por pequenas modificações, como obras de acessibilidade, que não alteraram a concepção da obras.
A GAM3 é um consórcio entre as empresas Deboni Empreendimentos, Grupo Austral e 3M Produções para administração da concessão do Parque Harmonia e da Orla 1 do Guaíba pelo período de 35 anos.
O diretor de Áreas Verdes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade , Alex Souza, disse que “há muita desinformação” em relação ao projeto. Ele afirmou que há supressão de árvores exóticas e plantação de espécies nativas. “O espaço será transformado em um ambiente rico”, disse, destacando que “todo o processo é acompanhado por técnicos da secretaria”.
Já o diretor do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Paulo Brack, apresentou fotos das obras e disse ter ficado chocado com o que presenciou. Ele afirmou que a área é uma “terra arrasada” e que as falas do representante da Secretaria do Meio Ambiente correspondem a um “mundo paralelo”.
Visita ao parque
“Essa comissão não será omissa diante de tudo o que se ouviu aqui”, afirmou o presidente da Cosmam, vereador José Freitas (Republicanos). Ficou definido que, a partir de proposta do vereador Oliboni, a comissão fará uma visita ao parque na terça-feira (11), às 14h, e que, até lá, a concessionária e a prefeitura irão apresentar à Cosmam toda a documentação relativa ao projeto. Os vereadores também decidiram que a comissão irá subscrever o pedido de paralisação das obras por meio de um ofício ao Executivo municipal.