Quarta-feira, 08 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de maio de 2019
Em uma derrota do governo federal e do ministro Sérgio Moro, a comissão do Congresso Nacional que analisa a MP (medida provisória) da reforma administrativa decidiu nesta quinta-feira (09) tirar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) da pasta da Justiça e Segurança, transferindo-a para o Ministério da Economia.
Apesar do discurso do governo de que a permanência do órgão na Justiça era fundamental para o combate à corrupção, venceu a pressão de integrantes do Centrão e da oposição, em uma nova derrota que expõe a fragilidade da base aliada do governo federal no Congresso.
Depois de três dias de sessão, a votação foi nominal: foram 14 votos a favor da mudança e 11 contra. O governo esperava manter o conselho com Moro com ao menos 15 votos na comissão.
Votaram pela mudança representantes de PP, PR, PSD, DEM, MDB, PSDB, PT, PDT e PSB. Dos 14 votos favoráveis ao Coaf na Economia, nove vieram de partidos da base aliada do governo. O resultado da votação reforçou no governo o entendimento de que será preciso se aproximar do Centrão para aprovar a agenda de Jair Bolsonaro.
“O Centrão faz parte do Congresso Nacional. Temos que nos relacionar com o Centrão. São representantes legítimos do povo brasileiro. São partidos políticos organizados. Vamos acabar com preconceitos, com críticas. Isso foi assim com todos os governos”, disse o líder do governo no Senado e relator da MP, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Criado em 1998, o Coaf é um órgão de inteligência financeira que investiga operações suspeitas. O Coaf recebe informações de setores que são obrigados por lei a informar transações suspeitas de lavagem de dinheiro, como bancos e corretoras. O conselho analisa amostras desses informes e, se detectar suspeita de crime, encaminha o caso para o Ministério Público.
Durante o escândalo do mensalão, ofícios do Coaf entregues à CPI dos Correios indicaram, por exemplo, grande volume de saques em espécie por parte da SMPB, empresa de Marcos Valério, o operador que abasteceu o esquema de pagamentos a políticos da base do governo petista.
Mais recentemente, o Coaf identificou movimentações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). De acordo com o órgão, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 ao mesmo mês de 2017 – entraram em sua conta R$ 605 mil e saíram cerca de R$ 600 mil. A quantia foi considerada incompatível com o patrimônio do ex-assessor de Flávio Bolsonaro.