Domingo, 17 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2025
Os pés são obras fascinantes de engenharia biomecânica. Dentro de uma estrutura triangular surpreendentemente forte vivem 26 ossos, 33 articulações e mais de 100 músculos, ligamentos e tendões que trabalham juntos para mantê-los firmes, amortecer os passos e impulsionar o corpo para a frente.
“Trata-se de uma estrutura pequena, mas muito complexa: diversas partes trabalham em uníssono para que possamos absorver impactos e transmitir forças para todo o corpo”, detalha a podóloga e médica esportiva Josefina Toscano à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
E, apesar da importância dessas estruturas, na maioria das vezes nem pensamos nelas.
“A maioria das pessoas está acostumada a se preocupar apenas com os calçados, mas não entende que os pés têm uma função específica”, disse a treinadora de alto desempenho Alicia García.
“Quando você explica tudo o que passa pelos pés de alguém, isso muda a vida dela”, complementa ela.
A boa notícia é que, com algumas mudanças de hábitos e exercícios simples, os pés podem ganhar mais força e controle rapidamente.
Entenda a seguir o que os pés fazem, como eles se conectam ao resto do corpo, o que acontece dentro dessas estruturas, qual o papel dos calçados — e três exercícios práticos para começar a fortalecê-los hoje mesmo.
Força nos pés
Um pé saudável é rígido e flexível.
“Ele é um triângulo que deve ser rígido para a propulsão ao caminhar e, ao mesmo tempo, ser capaz de flexionar para amortecer o impacto”, diz Toscano.
Esse movimento ocorre sempre que damos um passo: quando levantamos os dedos dos pés (especialmente o dedão), o arco do pé se eleva no que é conhecido como mecanismo de guincho, ao criar tensão e gerar eficiência para a impulsão.
Quando aterrissamos, o arco cede o suficiente para amortecer o impacto.
Nessa arquitetura, a fáscia plantar atua como um cordão forte que conecta os três vértices desse triângulo: o dedão, o mindinho e o calcanhar.
“A fáscia determina se o pé é elástico, absorve impactos e nos permite manter o equilíbrio”, disse García.
Quando essa estrutura perde o tônus ou o arco cede, o sistema começa a distribuir mal as cargas, e as demais articulações precisam compensar.
O pé também tem a função de estabilizar.
Quanto mais estável for o suporte, melhor será o funcionamento de tudo o que é colocado sobre ele: tornozelos, joelhos, quadris e coluna, lista Toscano.
É por isso que um pé com bom amortecimento e a capacidade de se enrijecer quando necessário não só torna o caminhar mais fluido, como também previne dores nas costas.
Como se não bastasse, os pés também são um órgão sensorial.
“As terminações nervosas dos pés se conectam com o cérebro e fornecem informações para nos posicionarmos. Com os olhos fechados, dependemos exclusivamente desses sinais”, lembra García.
Isso é o que se conhece como propriocepção: o sistema que antecipa os ajustes que o corpo precisa fazer para evitar quedas.
Em pessoas com problemas de propriocepção, tropeços bobos terminam em tombos graves.
Para García, existe um teste simples que pode ser feito para avaliar a saúde dos pés.
“Há um exercício que pratico bastante todos os dias: estabilidade em um único apoio.”
“Basicamente, você fica sobre um pé, levanta a outra perna, e fica assim por pelo menos 30 segundos ou 1 minuto”, descreve ela.
“Se você atualmente não consegue ficar em pé sobre uma perna por 30 segundos ou um minuto, ou isso exige um esforço enorme, então é necessário trabalhar muito mais esses pés”, complementa ela.