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Economia Como todo político populista, Donald Trump prometeu o impossível e não terá como entregar

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Presidente eleito, Donald Trump enfrentará muitos desafios em 2017. (Crédito: Reprodução)

Donald Trump falou a uma massa conservadora e soube explorar bem a insatisfação causada por fenômenos econômicos ligados ao comércio internacional, a mudanças tecnológicas e ao crescimento da economia de serviços. Entretanto, dificilmente conseguirá entregar o que prometeu.

Um dos mais antigos e estabelecidos resultados da Teoria Econômica sustenta que o comércio internacional livre de barreiras enriquece todos os países que nele se engajam. Em vez de produzir todos os bens que consome, cada país deve fornecer somente aqueles em cuja produção é relativamente mais vantajosa que para seus parceiros econômicos, havendo assim, de forma eficaz, uma troca internacional de bens. Dessa forma conseguirá elevar o consumo doméstico final de todos os bens. Quando todos os países seguem essa estratégia, todos se beneficiam.

O que determina a eficiência na produção de certos bens comparativamente a outros é a disponibilidade relativa de fatores de produção. Países com abundante mão de obra de baixa qualificação – China e Índia, por exemplo – fabricam a custos módicos produtos industriais de baixa tecnologia cuja produção não exige trabalhadores qualificados. Analogamente, países com boa dotação de terras férteis – Brasil – levam vantagem na produção agrícola que requer alta escala de produção. Já aqueles com muito capital e tecnologia de ponta – como EUA, Japão, Alemanha – ganham ao se especializarem na produção de serviços e bens industrializados de última geração. Há também especialização em etapas do processo produtivo, de forma que o produto final é composto por insumos produzidos em diferentes partes do mundo.

Embora a teoria preveja que cada país, no conjunto de seus setores produtivos, tenha a ganhar com a abertura ao comércio internacional, alguns setores sofrem perdas enquanto outros auferem ganhos. Ao abrir sua economia para produtos chineses, os consumidores dos Estados Unidos tiveram acesso a bens de consumo baratos e suas empresas ganharam fornecedores de insumos intermediários baratíssimos. Da mesma forma, os chineses puderam comprar a preços baixos bens e serviços de tecnologia de ponta americana. Entretanto, aqueles americanos que trabalhavam nos setores que não conseguiram competir com os produtos chineses perderam seus empregos, ou pelo menos seus bons empregos.

Em teoria, dado que o ganho agregado da economia é positivo, haveria uma forma de compensar os prejudicados pela liberalização comercial. Por exemplo, tributando os grupos beneficiados e transferindo a receita obtida para os prejudicados. Na prática, a implantação de mecanismos de compensação é difícil técnica e politicamente.

Ademais, o crescimento natural do setor de serviços, que no caso dos Estados Unidos e países mais avançados se dá com acelerada inovação tecnológica, elevou a remuneração dos trabalhadores mais qualificados com diploma universitário, piorando a distribuição de renda. Para os menos qualificados restaram uma infinidade de trabalhos mal remunerados. Boa parte do aumento da desigualdade de renda americana pode ser explicada por esses fatores.

Embora no agregado a economia do país vá bem, com desemprego em baixa e renda média se elevando, boa parte dos apoiadores de Trump não estão entre os que se beneficiam da recuperação econômica. Trump soube explorar a recente hostilidade aos acordos comerciais, sobretudo em Estados com longa tradição operária e histórico de votação democrata, como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, em que obteve maioria dos votos.

Ainda é cedo para saber se Trump irá adiante com suas ideias. No front comercial, caso decida cumprir suas promessas eleitorais, gerará alguns poucos empregos em setores atrofiados pela globalização, mas sofrerá retaliação de parceiros comerciais que fecharão seus mercados gigantescos.

Trump promete também criar empregos com projetos de infraestrutura em todo o país, um programa que se bem implementado poderia aumentar a produtividade da economia. Ao mesmo tempo, planeja expandir gastos militares e acena com cortes de imposto. A expansão de gastos com redução de impostos levaria ao crescimento da dívida pública, com elevação dos juros e pressão inflacionária.

O resultado líquido de todas essas medidas seria a perda de dinamismo da economia americana, com desdobramentos nefastos tanto domésticos como internacionais. Como todo político populista, Trump prometeu o impossível e não terá como entregar, pelo menos da forma como colocado durante a eleição, seu plano econômico.

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