Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2017
O publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão a mais de 37 anos de prisão, foi transferido na segunda-feira (17) da penitenciária onde estava para um centro de detenção onde os presos fazem a sua própria segurança. Ele deixou o complexo penitenciário de Nelson Hungria, em Contagem (MG), e seguiu para a Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), em Sete Lagoas (MG).
Agora, o empresário ficará mais perto de sua mulher, que vive na cidade. O advogado Jean Robert Kobayashi Júnior, que representa Valério, informou que o pedido de transferência foi aceito pela Justiça na tarde de segunda. Ainda conforme o defensor, a solicitação foi feita para Valério ficar próximo da esposa.
Em dezembro de 2016, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso havia autorizado a transferência de Marcos Valério para uma Apac, em Lagoa da Prata, também em Minas. A mudança, no entanto, não ocorreu na época porque o juiz da cidade Aloysio Libano de Paula Júnior negou o pedido e argumentou que não foi confirmada a residência de parentes na cidade e também não havia vagas na unidade.
Valério foi condenado a 37 anos e cinco meses de prisão pelo envolvimento no escândalo do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares que ocorreu durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O publicitário está em tratativas com a Polícia Federal para fechar um acordo de delação premiada. O acerto já foi rejeitado pelo Ministério Público de Minas Gerais. Preso em novembro de 2013, Valério tem a previsão, nas condições atuais, de progredir ao regime semiaberto em 2019.
Ele também é réu em um processo sobre o mensalão tucano. Valério afirmou que lideranças do PSDB de Minas Gerais, como o senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Azeredo, têm medo que vazem informações sobre o suposto esquema que abasteceu a campanha de reeleição de Azeredo ao governo de Minas em 1998. O PSDB-MG rebateu as acusações de Valério e afirmou que o empresário “muda de versões e mente sistematicamente”.
Na Apac, o detento tem que já ter cumprido pena no sistema tradicional e ser ligado à comunidade – ter família ou ter praticado o crime na cidade. Considerada modelo, a Apac não permite superlotação, e a segurança do presídio é realizada pelos próprios presos, que carregam as chaves das celas. Os funcionários andam desarmados e não há câmeras.
Em compensação, o preso se compromete a estudar e trabalhar, manter a barba feita e o cabelo cortado e fazer tarefas como a limpeza do local. Tudo isso conta como mérito para receber vantagens no presídio.
O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, condenado pela morte e ocultação de cadáver da ex-amante Eliza Samudio, ficou entre 2015 e 2017 em um desses presídios em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte. (Folhapress)