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Brasil Confissões de um delator: 30 anos de corrupção e compra de votos

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Condenado no mensalão e na Lava-Jato, Pedro Corrêa está em prisão domiciliar. (Foto: Agência Brasil)

O ex-deputado federal e ex-presidente do PP (Partido Progressista) Pedro Corrêa, 70 anos, condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, vive em uma cobertura com vista para a praia de Boa Viagem, em Recife (PE). Condenado no mensalão e na Operação Lava-Jato, ele está preso há mais de quatro anos, sendo os dez últimos meses em regime domiciliar fechado.

O ex-deputado se diverte ao lembrar dos tempos de preso, bateu no peito garantindo que ainda se elegeria para a Câmara e confirmou que participou permanentemente de esquemas de corrupção e de compra de votos nos quase 30 anos de vida pública.

Corrêa também detalha um acordão para tentar salvar todos os envolvidos no mensalão, a partir de uma versão de que se tratava apenas de caixa 2. Os autores da ideia seriam os advogados Márcio Thomaz Bastos e Arnaldo Malheiros Filho (falecidos em 2014 e 2016), tendo como avalista o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Corrêa, o próprio líder petista participou de reuniões com os advogados e os réus do mensalão em que a tese foi apresentada para tranquilizá-los: “Lula dizia que não aquilo não daria em nada, pois os crimes estavam prescritos”. Segundo ele, quem fazia restrição era Valdemar [Costa Neto, ex-deputado e filiado ao PR], que não acreditava que a estratégia pudesse dar certo e temia o risco de prisão do grupo.

Assim como fez em sua delação, o ex-deputado não poupou críticas ao ex-presidente, que teria “coordenado tudo” e estaria ciente das arrecadações irregulares para pagar conta de eleições. “A gente tinha interesse em colocar um diretor na Petrobras, para que ele prestasse serviço aos empresários para eles darem retorno para gente em recursos.”

Questionado sobre as afirmações do ex presidente do PP, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, negou as acusações e disse que “a palavra de um criminoso confesso e que recebeu benefícios do Ministério Público Federal para acusar Lula sem provas não merece qualquer credibilidade”.

O criminalista também afirmou que a opinião de Corrêa não pode se sobrepor à posição do ex-procurador-geral da República e ao julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal), que não identificaram elementos que relacionassem o petista ao mensalão.

Governos anteriores

Apesar das acusações contra Lula, Corrêa admite que as indicações na Petrobras também foram políticas em governos anteriores. A principal diferença, segundo ele, é que com os antecessores era o menor o número de políticos a participar das indicações, e os diretores é que ficavam mais ricos.

“O dinheiro ficava com a área técnica e com os políticos que tinham um prestígio muito grande”, afirma. “Os partidos eram fechados demais, tinham donos que seguravam tudo isso. No governo Lula, isso se abriu, porque foi democratizado.”

Eleito deputado federal pela primeira vez em 1978 pela Arena, Corrêa (que também é médico radiologista) exerceu seis mandatos consecutivos na Câmara até ser cassado, em 2006. Ele admite que em todos as legislaturas participou de esquemas de corrupção.

“Desde que cheguei no Congresso Nacional tinha isso”, relata. “O cara fazia um favor a um empresário, que retribuía em dinheiro para a campanha eleitoral. Mas se respeitava mais, recebia sempre no período de campanha. Depois, os empresários começaram a se esconder nessa época. Foi quando começou o negócio de antecipar a arrecadação.

Dentre os primeiros esquemas capitaneados por Corrêa estão desvios do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), extinto em 1993. Eleito com apoio da classe médica, ele foi o responsável pela nomeação do superintendente do órgão no governo do presidente João Figueiredo (1979-1985). Segundo Corrêa, o aliado ajudava médicos, hospitais e empresas da área – em troca, pedia dinheiro para o padrinho.

“Não existia caixa 1 nessa época, muito menos prestação de contas”, relembra. “Era tudo por meio de caixa 2. Em 1982 começou a ter prestação de contas, mas ninguém dava nada. Se dizia muito que o político prestava contas e o tribunal fazia que analisava. Não tinha nenhuma fiscalização.”

Corrêa nega ter enriquecido na vida pública: “Não sou nenhum santo, mas era assim que se fazia na minha geração. Não fiquei rico, não tenho dinheiro para as multas (R$ 3 milhões do mensalão, que ele contesta na Justiça, e R$ 1,5 milhão da Lava-Jato). Sou um político que fazia eleição com dinheiro, acertando compras de votos com os prefeitos e vereadores”.

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https://www.osul.com.br/confissoes-de-um-delator-30-anos-de-corrupcao-e-compra-de-votos/ Confissões de um delator: 30 anos de corrupção e compra de votos 2018-01-07
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