Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2020
Maduro cria sistema alternativo ao combustível gratuito, mas filas quilométricas continuam e clientes reclamam que não conseguem pagar.
Foto: Federico Parra/AFPA boa notícia é que há visivelmente mais gasolina sendo bombeada nos postos de combustível de Caracas (Venezuela) do que nas semanas e meses anteriores. A má notícia é que as filas ainda se estendem por quilômetros, e que, se você tiver sorte o suficiente para chegar na bomba, muitas postos enfrentam problemas para aceitar transações com cartões bancários ou com cartões especiais destinados a subsídios.
“Estou aqui desde as 4 horas da manhã e espero abastecer com gasolina subsidiada”, disse Marcos Rojas, engenheiro, em um posto no Sudeste de Caracas.
Ele era o primeiro da fila às 7 horas da manhã e o posto, protegido pela polícia e pela milícia pró-governo, não havia aberto.
São necessários subornos de US$ 100 para abastecer seu carro com gasolina em Caracas
O gerente estava aguardando instruções da empresa estatal de energia PDVSA sobre como operar os diferentes métodos de pagamento.
“Não recebi nenhuma informação deles, e tenho mais de 200 motoristas esperando na fila”, disse ele, pedindo anonimato por medo de represálias.
Em um posto fechado ali perto, as filas se estendiam por mais de um quilômetro e se espalhavam pela estrada. O suprimento era prometido para mais tarde, quando os militares encarregados da área o autorizassem.
Além das aglomerações, está o fato de a quarentena de coronavírus da Venezuela ter começado a ser relaxada pela primeira vez em vários meses.
Nos postos em que as pessoas podiam abastecer e pagar, algumas entraram em lojas de conveniência para usar as máquinas de cartão, enquanto outras pagaram em dinheiro, às vezes com notas de dólar.
A decisão do presidente Nicolás Maduro de aumentar os preços dos combustíveis a partir desta semana representa uma mudança política histórica, após décadas de pesados subsídios, que significaram que a gasolina foi essencialmente grátis para os venezuelanos por décadas.
Agora, devido às sanções americanas que atrapalharam muito a produção do país e à má administração da indústria doméstica de energia, incluindo refinarias, o combustível é escasso e o país depende do envio do aliado Irã para aumentar os seus estoques.
Como parte do plano, a gasolina será vendida a dois preços. Para as pessoas que se inscreveram em um programa de subsídio do governo chamado Cartão Pátria, vinculado a um sistema de pagamento biométrico, custará 5 mil bolívares (R$ 0,14 ) por litro, com cerca de 120 litros por mês por veículo.
E para todos os outros, os postos de gasolina cobrarão o equivalente a R$ 3 por litro.
“É difícil, mas o que posso fazer? Vou ter que começar a incluir a gasolina no meu orçamento familiar”, disse Maria Fernanda, 44 anos, enquanto esperava na fila para encher o tanque em um posto de gasolina premium.
“Fui ao regulado, mas fui embora, porque o sistema continua caindo e as pessoas não conseguiam pagar. Aqui é caro, mas pelo menos não é tanto quanto no mercado negro.”