Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de novembro de 2025
O congelamento de óvulos tem se destacado como uma das opções mais eficazes para mulheres que optaram por adiar a maternidade e desejam preservar sua fertilidade. A técnica, cada vez mais procurada, garante que a mulher possa guardar seus óvulos em um momento em que sua saúde reprodutiva está no auge, podendo utilizá-los futuramente.
Em entrevista recente, a influenciadora Mari Gonzalez compartilhou os motivos que a levaram a tomar a decisão de congelar os óvulos, procedimento realizado por ela em junho deste ano. A ex-BBB afirmou que a escolha foi motivada pela liberdade de poder decidir o momento certo para engravidar, sem a pressão da “data limite” imposta pela biologia.
“Eu decidi congelar por liberdade mesmo. Ter o meu momento, a minha escolha, saber a hora certa pra mim. Eu acho que isso diminui muito a pressão. A mulher sofre essa pressão, a gente tem realmente ali uma data limitante. Então eu quis por liberdade, por poder tomar minha própria escolha, e eu acho que foi a melhor decisão. Foi importante”, declarou.
O congelamento de óvulos é especialmente relevante em um cenário em que a fertilidade feminina sofre uma queda gradual com o passar dos anos. De acordo com Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, a diminuição da fertilidade começa a ser mais pronunciada a partir dos 30 anos, e ainda mais após os 35.
“Essa diminuição da fertilidade ocorre de forma ainda mais acentuada após os 35 anos. Isso acontece porque a mulher já nasce com todo o estoque de óvulos que será utilizado durante toda a vida reprodutiva. Ao longo do tempo, há uma queda na quantidade e na qualidade dos óvulos, com mais erros genéticos, dificultando a gestação e aumentando o risco de abortos espontâneos”, explica o médico.
– O que é o congelamento de óvulos e como funciona? A criopreservação, técnica usada no congelamento de óvulos, é um processo que envolve o congelamento de células reprodutivas a -196ºC. Através dessa técnica, os óvulos mantêm seu potencial de desenvolvimento e viabilidade, mas com o metabolismo completamente inativado. Essa preservação pode ser feita em óvulos, espermatozoides, embriões ou até mesmo tecido ovariano.
“Embora o espermatozoide e os embriões sejam relativamente fáceis de congelar, o óvulo é a maior célula do corpo humano e contém uma grande quantidade de água. Quando congelados, formam-se cristais de gelo que podem destruir a célula. Com o passar dos anos, aprendemos a desidratar os óvulos e substituir a água por um ‘anticongelante’ antes do congelamento, para evitar a formação de cristais”, detalha o Dr. Rodrigo.
– Quem deve considerar o congelamento de óvulos? Existem diversos motivos pelos quais uma mulher pode decidir congelar seus óvulos. Além do desejo de preservar a fertilidade por razões pessoais ou profissionais, a técnica pode ser indicada para aquelas que enfrentam condições médicas que afetam a fertilidade, como o câncer ou endometriose. Também é uma opção para mulheres com histórico familiar de menopausa precoce.
“O congelamento de óvulos oferece uma chance de preservar as células reprodutivas antes que elas se esgotem”, afirma o especialista.
– Qual é a melhor idade para realizar o congelamento? A idade é um fator crucial quando se trata de congelamento de óvulos. Quanto mais jovem a mulher, maior a chance de sucesso.
“O ideal é realizar o congelamento até os 35 anos, pois as taxas de sucesso são mais altas. No entanto, é possível congelar óvulos até os 41 ou 42 anos, embora a probabilidade de sucesso seja consideravelmente menor após os 43”, esclarece o Dr. Rodrigo. Para mulheres com mais de 38 anos, as chances de gravidez a partir de óvulos congelados diminui ainda mais, com algumas chances reduzidas para 10% ou menos.
– Como o procedimento de congelamento de óvulos é realizado? O processo de congelamento envolve a estimulação ovariana para amadurecer os óvulos. Esse ciclo dura cerca de três semanas e é semelhante ao processo da fertilização in vitro (FIV), mas sem a transferência imediata de embriões. As pacientes começam com um ciclo de hormônios para desativar temporariamente os hormônios naturais e, em seguida, recebem injeções para estimular os ovários. Após 9 a 10 dias, os óvulos maduros são retirados e imediatamente congelados.
“O procedimento é feito com sedação intravenosa, e não é doloroso. Os óvulos são então descongelados quando a mulher decide tentar a gestação, fertilizados e transferidos para o útero como embriões”, conta o Dr. Rodrigo.
– Por quanto tempo os óvulos podem ser armazenados? De acordo com estudos científicos, não há evidências de que a qualidade dos óvulos diminua com o tempo de armazenamento. Em casos de embriões congelados, um estudo mostrou que o mais antigo foi armazenado por 27 anos e resultou em uma gestação bem-sucedida. “O armazenamento de longo prazo de óvulos congelados não resulta em diminuição de qualidade”, afirma.
– Quais são as taxas de sucesso do congelamento de óvulos? O sucesso do congelamento de óvulos depende, principalmente, da idade da mulher no momento do congelamento. Mulheres com até 38 anos podem esperar uma taxa de sucesso de 75% no descongelamento dos óvulos, sendo que cerca de 75% desses óvulos sobrevivem ao processo de descongelamento e 50% a 60% podem se tornar embriões. Para mulheres com mais de 38 anos, as taxas de sucesso diminuem significativamente.
– O congelamento de óvulos é seguro? O congelamento de óvulos, de acordo com estudos realizados até o momento, não apresenta riscos aumentados de defeitos congênitos. Mais de 300.000 bebês nasceram de embriões congelados no mundo todo, sem aumento significativo de complicações. “Não houve aumento na taxa de defeitos congênitos ou cromossômicos entre embriões derivados de óvulos congelados em comparação com óvulos frescos”, destaca o Dr. Rodrigo.
– Mudanças nas técnicas de criopreservação: Nos últimos anos, as técnicas de congelamento evoluíram, permitindo a seleção de embriões mais saudáveis, através de testes genéticos. Essa evolução tem aumentado as chances de sucesso das gestações e reduzido o risco de múltiplos bebês, uma vez que menos embriões são transferidos para o útero. As informações são do jornal O Globo.