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Por Redação O Sul | 29 de março de 2016
O LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla em inglês) – um acelerador de partículas gigantesco que fica na fronteira entre a França e a Suíça – causou fortes emoções entre físicos teóricos, uma comunidade que geralmente é muito cautelosa quando se trata de novas descobertas. O motivo: “batidinhas” detectadas pelo LHC. Essas batidas, evidenciadas nos dados que resultam da aceleração dos prótons, podem sinalizar a existência de uma nova e desconhecida partícula seis vezes maior do que o Bóson de Higgs (a chamada “partícula de Deus”).
E isso, para o físico teórico Gian Giudice, significaria “uma porta para um mundo desconhecido e inexplorado”. “Não é a confirmação de uma teoria já estabelecida”, disse o pesquisador, que também trabalha na CERN (Organização Europeia para Investigação Nuclear).
A emoção dos cientistas começou quando, em dezembro de 2015, os dois laboratórios que trabalham no LHC de forma independente registraram os mesmos dados depois de colocar o colisor para funcionar praticamente na capacidade máxima (o dobro de energia necessária para detectar o Bóson de Higgs).
Os dados registrados não podem ser explicados com o que se sabe até hoje das leis da física. Depois do anúncio desses novos dados, foram publicados cerca de 280 ensaios que tentam explicar o que pode ser esse sinal – e nenhum deles descartou a teoria de que se trata de uma nova partícula.
Alguns cientistas sugerem que a partícula pode ser uma prima pesada do Bóson de Higgs, descoberto em 2012 e que explica por que a matéria tem massa. Outros apresentaram a hipótese de o Bóson de Higgs ser feito de partículas menores. E há o grupo dos que pensam que essas “batidinhas” podem ser de um gráviton, a partícula encarregada de transmitir a força da gravidade.
Se realmente for um gráviton, essa descoberta será um marco, porque até hoje não tinha sido possível conciliar a gravidade com o modelo padrão da física de partículas.
Extraordinário?
Para os especialistas, o fato de que ninguém conseguiu refutar o que os físicos detectaram é um sinal de que podemos estar perto de descobrir algo extraordinário. “Se isso se provar verdadeiro, será uma [nota] dez na escala Richter dos físicos de partículas”, disse o especialista John Ellis, do King’s College de Londres. Ele também já foi chefe do departamento de teoria da Organização Europeia para a Investigação Nuclear. “Seria a ponta de um iceberg de novas formas de matéria.” Mesmo com toda a animação de Ellis, os cientistas não querem se precipitar.