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Variedades Conheça o brasileiro que trabalha para a Nasa e participou da missão da sonda que pousou em Marte

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Wanderley de Abreu Junior foi convidado a fazer um curso na Nasa depois de hackear sistema da agência espacial, aos 19 anos. (Foto: Divulgação)

Antes de a internet chegar ao Brasil, o jovem Wanderley Abreu Jr., hoje com 43 anos, já sabia como ter acesso à tecnologia sem sair do país. Quando tinha apenas 19 anos, ele invadiu o sistema da Nasa montado em um laboratório em Los Alamos, no Novo México. Seu objetivo era hackear o sistema para instalar um programa da Universidade de Buckley que buscava extraterrestres. Sua investida foi descoberta pela própria Nasa, mas, como ainda não havia uma legislação para invasões cibernéticas e era feio para a Nasa assumir que fora acessada por um moleque – como ele mesmo diz –, Wanderley recebeu um convite para fazer um curso na Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos. Hoje, de seu apartamento no Península, o engenheiro mecatrônico, formado pela PUC, trabalha diretamente para a agência em missões como a Perseverance, a sonda que pousou no último dia 18 em Marte para buscar vestígios de vida no planeta.

“Tenho uma empresa de desenvolvimento de sistemas e me considero um dinossauro da informática. Na época da invasão do sistema da Nasa, estava curioso para descobrir os extraterrestres. Ainda não os vi, mas posso garantir que acontecem muitas coisas estranhas e sem explicação nas missões espaciais”, revela o engenheiro.

Depois de cursar a faculdade de Engenharia Mecatrônica, Wanderley começou a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ele participou do Projeto Galileo, sistema europeu de navegação por satélite, no qual ele testava as falhas no programa e realizava simulações. Logo em seguida, fez pós-graduação em Computer Security & Criptography, no Massachusetts Institute of Technology, voltou para para o Brasil e criou uma empresa que trabalha com sistemas críticos, como o Big Brother, Cartola F.C., transmissão do Rock In Rio, entre outros. Seus focos são a compressão, a descompressão e a transmissão de dados em redes de baixa performance. Foi assim no Perseverance.

“Usamos 23 câmeras de altíssima resolução. Transmitir esses dados é como passar um camelo no buraco de uma agulha”, diz.

Em 2014, o engenheiro passou a trabalhar para uma aliança de empresas, com sede em Nova York, que opera com projetos no espaço. No comando, o brasileiro Sidney Nakahodo. Mas a equipe inclui professores da Universidade de Columbia e ex-diretores da Nasa. Os especialistas recebem bolsas de pesquisa em que desenvolvem suas patentes, e a Nasa fica com uma parte e o desenvolvedor com a outra.

“Meu foco é na compressão de dados para sondas no espaço profundo. Aprovei alguns projetos, e um deles ganhou um prêmio na comemoração dos 50 anos da chegada do homem à Lua. Há dois anos estou trabalhando no Mars (Perseverance). Testo novas tecnologias e busco melhorar a intercomunicação planetária”, conta.

Em outubro, Wanderley estará no lançamento do substituto do Hubble, o telescópio artificial não tripulado que explora o universo desde 1990: “O Hubble será trocado por um telescópio 30 vezes maior e cem mil vezes mais potente. A operação será feita em uma órbita depois da Lua, último local onde a gravidade da Terra tem influência. É um desafio”.

O engenheiro também faz parte do Artemis, um programa de voo espacial tripulado desenvolvido pela Nasa, por empresas privadas americanas e por parceiros internacionais, com o objetivo de pousar a primeira mulher na Lua em 2024. O espaço atraiu Wanderley por ser desconhecido. Ele explica que, hoje, são criadas tecnologias para investigar, no passado de um planeta, o futuro da Terra.

“Somos arqueólogos espaciais”, define.  “Trabalho com o limite do conhecimento humano.No entanto, a vida de Wanderley não se resume ao espaço. Quando jovem achou que seria surfista, mas logo desistiu porque não tinha coordenadação para o esporte, e hoje está aprendendo a tocar violino. Quando tem tempo, faz aulas duas vezes na semana. Ele também planeja terminar suas teses para tentar um mestrado ou doutorado. Quer também fazer mais uma tatuagem.”

“Trabalho cerca de 15 horas por dia. Já tenho um stent no coração e a minha profissão me custa muitas horas de sono. Meus melhores amigos são o meu cardiologista e pneumologista”, conta.

Agora solteiro, Wanderley divide que seu casamento sofreu pela sua grande entrega ao trabalho: ‘Trabalho com o limite do conhecimento humano e sou responsável por algo muito sensível que exige dedicação. Quem está ao meu lado acaba sofrendo pelo sacrifício”.

Wanderley é pai de Lucas e conta que o garoto já segue seus passos. Juntos, eles frequentam parques, jogam e leem.

“Ele adora hackear jogos e aprendeu sozinho. Não gostaria que ele seguisse meu caminho e caso seja a escolha dele, que ele o faça pela porta da frente e não a dos fundos como eu”, fala.

Outro hobby do engenheiro são as séries. Ele dá algumas algumas ficas como Lupin, Gâmbito da Rainha (diz que se identifica com a protagonista) e está assistindo American Horror History. Este ano, vai lançar também a sua biografia pela Companhia das Letras. O material está sendo escrito por Alessandro Greco, com que se encontra há dois anos para fazer o livro.

“Na biografia vou contar os bastidores da Operação Catedral, a primeira contra a pedofilia. Na época, eu era chefe da Coordenadoria de Investigações Eletrônicas do Ministério Público do estado. Revelo como me envolvi com o MP, como foi hacker a Nasa e como é desenvolver uma missão espacial”, adianta.

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