Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de março de 2020
Mergulhada em uma crise econômica que vem se arrastando há quase dois anos, a Argentina agora corre para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
Na noite de quinta-feira (19), o presidente Alberto Fernández anunciou uma quarentena para todo o país até o dia 31 de março. Ele disse que o “isolamento é a forma de salvar” a vida nestes tempos de Covid-19.
“Todos os argentinos devem ficar em casa. Ninguém precisa entrar em pânico. Ainda estamos em tempo de controlar essa pandemia. Quem não puder justificar sua presença na via pública será punido”, disse o presidente argentino.
Ele anunciou que forças de segurança estarão a postos para manter as ruas vazias e que, quando abordadas, as pessoas deverão justificar o que estão fazendo fora de casa.
Hospitais de emergência
Fernández disse que após ver o que ocorreu em outros continentes, decidiu tomar a medida drástica para proteger os próprios argentinos. Para ele, o coronavírus é um “inimigo invisível” e a “prevenção” a melhor saída neste momento.
Somente supermercados, farmácias e instalações de saúde estarão abertos. Além das ruas, as estradas também serão controladas para que a circulação das pessoas — e do vírus — diminua.
Ele reconheceu que o país vive uma grave crise, mas enfatizou que a prioridade agora é a saúde pública diante do coronavírus.
As declarações do presidente argentino, que contou com apoio da oposição e de infectologistas, ocorreram após uma série de ações anunciadas por outros integrantes do governo, como a construção de oito hospitais de emergência, a recuperação de outros dois que estavam abandonados, a divulgação de cartazes nas ruas para que os argentinos fiquem em casa e a suspensão de voos domésticos e ônibus intermunicipais.
Fernández já havia decretado, no fim de semana, o fechamento das fronteiras, que está em vigor, e a medida foi seguida internamente por pelo menos seis das 24 Províncias do país.
Na quinta, diante da expectativa do anúncio da quarentena praticamente total, a lotação foi ainda maior nos supermercados de alguns bairros de Buenos Aires.
Em Palermo, o aumento dos preços entre a quarta e a quinta-feira era visível — casos de alimentos e de produtos de limpeza, por exemplo.
As filas nos supermercados, açougues, casas de queijos, nos bancos e correios eram feitas nas calçadas. Como medida de precaução, a presença de clientes no interior dos estabelecimentos foi limitada a números que variavam de cinco a 20.
Bomba econômica
A paralisação das atividades no país gera dúvidas sobre seus efeitos na já combalida economia argentina.
Em entrevista na quarta-feira, Fernández disse que estava analisando uma “medida extrema” para que todos ficassem em suas casas e que buscava o momento para implementar a decisão.
“Se conseguirmos que as pessoas fiquem uma semana inteira em suas casas, o vírus não circulará, mas isso tem consequências econômicas”, disse Fernández.
A inflação argentina foi de 53,8% em 2019 e vinha mostrando leve desaceleração nos primeiros meses deste ano, como observaram ministros da área econômica.
“Existe incerteza e não só aqui na Argentina, mas no mundo, não podemos prever qual será o desempenho (da economia) neste ano”, disse o ministro de Desenvolvimento Produtivo, Matías Kulfas, à imprensa local.