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Política Cônsul da Rússia é suspeito de dar apoio a suposto espião infiltrado no Brasil

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Após analisar e-mails e transações financeiras, investigadores descobriram a participação de um integrante do corpo diplomático do governo de Vladimir Putin

Foto: Reprodução
Após analisar e-mails e transações financeiras, investigadores descobriram a participação de um integrante do corpo diplomático do governo de Vladimir Putin. (Foto: Reprodução)

Um cônsul russo no Rio de Janeiro é considerado por investigadores como uma peça importante de uma rede de apoio a um suposto espião infiltrado no Brasil e nos Estados Unidos. Após analisar e-mails e transações financeiras, investigadores descobriram a participação de um integrante do corpo diplomático do governo de Vladimir Putin em repasses de dinheiro a um estudante com identidade falsa que planejava estagiar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, responsável por julgar crimes de guerra.

Na semana passada, o jornal O Globo revelou a existência de uma rede de apoio a um suposto espião russo no Brasil, sustentada com transferências bancárias e depósitos de dinheiro em espécie. Agora, detalhes da investigação da Polícia Federal e do FBI apontam para a participação do cônsul russo Mikhail Gruzdev no financiamento de Sergey Vladimirovich Cherkasov, preso e condenado por usar a identidade fictícia brasileira de Victor Müller Ferreira.

A atuação discreta de Gruzdev no país deixou poucos registros públicos de sua atividade diplomática. Em novembro de 2016, o cônsul russo participou do lançamento de um vídeo-documentário sobre a história do Exército brasileiro, segundo uma revista destinada ao público militar. Em fevereiro deste ano, ele intermediou doação de minerais raros feita pela Rússia ao Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Transferência de dinheiro

Nos bastidores, Gruzdev é suspeito de desempenhar um papel mais ativo na sustentação da trama de espionagem, segundo material analisado pela PF e pelo FBI. Em dezembro de 2016, um funcionário do consulado russo escreveu um e-mail ao suposto agente infiltrado: “Parece que seu pai está preocupado por não receber notícias suas. Mande notícias a ele. Mikhail Gruzdev, cônsul russo, solicitou isso a mim. Na semana que vem devo fazer outra transferência”. Na semana seguinte, o interlocutor enviou € 750 (R$ 2,7 mil, pela cotação da época) a uma conta bancária na Irlanda, onde Cherkasov estudou e conseguiu emitir um passaporte brasileiro utilizando documentos falsos.

Outros e-mails indicam que o funcionário do consulado da Rússia recebeu ordens de Mikhail Gruzdev, identificado no relatório do FBI apenas como “M.G”., para efetuar transferências financeiras. Em mensagem de novembro de 2016, o funcionário encaminhou ao cônsul informações sobre um pagamento programado para o suposto espião russo. Em resposta, Gruzdev escreveu: “Amigo, muito obrigado. Vamos fazer outro (pagamento) em 14 de dezembro”.

Procurados pelo jornal O Globo, a Embaixada da Rússia e o Consulado Geral da Rússia no Rio não se manifestaram.

Outras transações do suposto espião, que entrou no Brasil pela primeira vez em 2010, também chamaram a atenção dos investigadores. Em depoimento a agentes do FBI depois de ser preso no Brasil, Cherkasov contou que pagou um curso na Irlanda com “lucro auferido com a compra e venda de bitcoins” e que, sem visto de trabalho, usou suas economias para fazer uma pós-graduação nos Estados Unidos — que custou entre US$ 80 mil e US$ 100 mil.

Preso em Guarulhos

O russo comprou automóveis, um apartamento, movimentou “altos valores” em corretoras de criptomoedas e recebeu depósitos em espécie em uma agência bancária no Rio. Segundo a PF, Cherkasov possuía uma rede de apoio no Brasil que “depositava valores mensais em sua conta de forma fracionada e em espécie, visando à não identificação”.

O suposto espião foi preso no Aeroporto de Guarulhos em 2 de abril de 2022 depois de tentar entrar na Holanda com o passaporte brasileiro. Levado à carceragem da PF em São Paulo, recebeu a visita de um representante do consulado russo. Depois, acabou assumindo perante a Justiça sua verdadeira identidade e foi assessorado por advogados que solicitaram que ele ficasse preso no próprio Consulado Geral da Rússia. A defesa alegou que ele corria risco de vida e que havia uma suspeita de tentativa de envenená-lo. No início deste ano, foi transferido para um presídio de segurança máxima em Brasília.

Acusado nos EUA

Depois que Cherkasov foi condenado pela Justiça, em primeira instância, a 15 anos de prisão por falsidade ideológica e uso de documento falso, o governo da Rússia pediu sua extradição ao Supremo Tribunal Federal (STF) sob alegação de que ele participou de um grupo criminoso que traficava heroína a partir de Moscou.

Representantes da Embaixada da Rússia procuraram o Itamaraty, que confirmou ao jornal O Globo que houve “contato exploratório”, mas a resposta foi que nada poderia ser feito pelo governo, porque o assunto já estava sob a alçada do STF.

O relator do processo na Corte, ministro Edson Fachin, atendeu ao pedido da Rússia, mas condicionou a entrega de Cherkasov ao término de outra investigação sobre ele no Brasil que apura indícios de lavagem de dinheiro, corrupção e espionagem.

Nos EUA, o suposto agente da GRU, da Inteligência militar russa, foi acusado pelo FBI de ter cometido sete crimes como, por exemplo, ter trabalhado para o governo Putin em território americano sem autorização, fraude bancária e uso de documento falso.

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https://www.osul.com.br/consul-russia-suspeito-apoio-espiao-infiltrado/ Cônsul da Rússia é suspeito de dar apoio a suposto espião infiltrado no Brasil 2023-04-11
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