Sexta-feira, 06 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2025
Mourão depôs como testemunha de Bolsonaro nas investigações sobre a trama golpista.
Foto: Antonio Cruz/Agência BrasilO senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou na quarta-feira (4) que não ocorreu nada de “ilegal ou irregular” na conversa que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro antes de depor como testemunha nas investigações sobre a trama golpista.
Na última terça-feira (3), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal tome o depoimento do general Mourão, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República.
O ministro tomou a decisão porque, segundo os investigadores, há indícios de que Mourão poderia ter sido influenciado por Bolsonaro antes do seu depoimento no processo que investiga a existência de um plano para manter o ex-presidente no poder, em 2022.
“Em momento algum fui constrangido, ameaçado ou recebi alguma insinuação que pudesse, de alguma forma, influenciar meu depoimento que, registro, foi a expressão da verdade em cada palavra, ratificando-o integralmente”, frisou o ex-presidente em nota.
Segundo o relato de Mourão, “nada de irregular ou ilegal aconteceu”.
“O ex-Presidente entrou em contato comigo, dias antes da data marcada pelo STF, me consultando se concordaria em depor como testemunha de defesa e se na data designada pela Corte seria possível”, disse o ex-vice-presidente.
De acordo com ele, na ligação, Bolsonaro esclareceu que fazia o contato tendo em vista que, de maneira excepcional, o ministro relator do processo, Alexandre de Moraes, não iria expedir intimações às testemunhas indicadas pelas defesas.
Portanto, caberia às próprias defesas contatar as testemunhas “e pedir a gentileza de prestarem depoimento”, segundo o senador.
A PGR quer apurar denúncias de que Bolsonaro teria telefonado a Mourão para orientá-lo sobre o que dizer à Justiça.
O diálogo teria ocorrido antes da oitiva do senador, realizada em 23 de maio, e o ex-presidente teria pedido que o parlamentar reforçasse que nunca ouviu dele qualquer menção a uma ruptura institucional.
Na petição encaminhada ao STF, a Procuradoria afirmou que a conversa pode caracterizar tentativa de constrangimento, intimidação ou coação de testemunha.
“A notícia traz à tona a possibilidade de que a testemunha tenha sido submetida a constrangimento, intimidação ou qualquer forma de coação em relação ao teor de seu depoimento”, afirmou a PGR no documento.
Diante disso, o Ministério Público solicitou a oitiva de Mourão para apurar os fatos e avaliar a eventual necessidade de novas medidas.
O ministro Alexandre de Moraes concordou com o pedido e determinou que a Polícia Federal colha o depoimento do senador. A petição será autuada em processo separado e sob sigilo, mas vinculada à ação penal em que Bolsonaro é réu. As informações são do portal de notícias g1.