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Colunistas COP30 em Belém – esperança, urgência e a hora de agir

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(Foto: Roni Moreira/Ag. Pará)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) está programada para novembro em Belém (PA) – um momento decisivo, tanto para o Brasil quanto para o mundo. Em um webinar promovido ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, informou que até agora 72 países já entregaram suas metas climáticas (NDCs – Contribuições Nacionalmente Determinadas) e que somente ontem oito metas foram recebidas. A estimativa é alcançar 100 dos 194 países signatários do Acordo de Paris antes ou durante o evento.

As NDCs são planos em que cada país informa como vai reduzir seus gases de efeito estufa, adaptar-se aos impactos climáticos e contribuir para limitar o aquecimento global. O Acordo de Paris – firmado em 2015 – estabelece que o objetivo é manter o aquecimento “bem abaixo” de 2 °C e fazer esforços para limitar a 1,5 °C acima da era pré-industrial (aproximadamente 1850-1900). Sem metas entregues ou com ambição insuficiente, essa meta global pode tornar-se inalcançável.

Os desafios pendentes são grandes. Países como os Estados Unidos – tradicional emissor e potência global – não confirmaram presença ou metas atualizadas amplamente divulgadas, o que enfraquece o esforço coletivo. Nações em guerra ou com crise reconhecida, como a Estado da Palestina (representando Gaza) ou mesmo Israel, complicam sua participação plena nos fóruns diplomáticos. A Rússia, por outro lado, enfrenta sanções e uma relação complexa com a ONU, e sua influência nas negociações climáticas segue difícil de medir.

O multilateralismo – sistema de cooperação internacional em que os países se unem para tratar problemas que ultrapassam fronteiras nacionais – é a base das COPs. Cada nação negocia, assume compromissos e implementa políticas; mas para que o todo funcione, é necessário que muitos participem de forma comprometida e técnica. Uma conferência onde um número significativo de estados faltar ou fraquejar nas metas perde peso diplomático e operacional.

Logísticas e hospedagens também se destacam como entraves. Em Belém há relatos de preços elevados de hotéis, oferta de leitos limitada e transporte aquém da expectativa. Cada COP traz desafios de infraestrutura e credenciamento – mas nesta edição eles mostram uma preocupação sobre inclusão de delegações menores, imprensa e organizações da sociedade civil.

É importante deixar algo claro: a COP30 não é um festival climático nem palco de espetáculo político. São técnicos, negociadores, diplomatas e especialistas que constroem os documentos, definem o financiamento climático, estruturas de adaptação, mercados de carbono e ações de preservação. O protagonismo maior está em quem negocia texto, métodos e execução – não em aplausos ou discursos vazios.

Encerrando com otimismo e opinião pessoal: acredito que a COP30 oferece uma rara janela de virada. Se o Brasil, como anfitrião, combinar ambição com entrega, ciência com diplomacia e justiça climática com ação concreta, então o evento será um marco. Mas para isso, toda a sociedade – setor privado, organizações não-governamentais, jovens, comunidades indígenas – precisa assumir sua parte. A agenda de ação não será feita apenas em Belém no Congresso ou na mesa oficial: trata-se de um mutirão global, com cada um de nós integrando mudança à nossa vida, aos nossos hábitos, ao nosso trabalho.

Que essa COP-30 não fique como mais um evento. Que seja o ponto de partida de uma mudança real, urgente e coletiva. O futuro está sendo negociado – e cabe a todos participarmos.

(Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista pela Transição Energética)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/cop30-em-belem-esperanca-urgencia-e-a-hora-de-agir/ COP30 em Belém – esperança, urgência e a hora de agir 2025-10-30
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