Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Márcio Coimbra | 15 de novembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Enquanto o Brasil recebe a COP30, a narrativa de uma crise climática atinge seu ápice. No entanto, um exame mais aprofundado da história do planeta e dos dados disponíveis revela um quadro mais complexo e menos alarmista. A Terra é um organismo dinâmico, que passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento ao longo de milênios, muito antes da industrialização. Logo, questionar o atual consenso absoluto não é negacionismo, mas um exercício de ceticismo científico saudável.
Climatologistas como Bjorn Lomborg, autor de “O Ambientalista Cético”, não negam as mudanças climáticas, mas colocam em perspectiva o papel da humanidade nelas. Lomborg argumenta que o discurso apocalíptico gera políticas ineficazes e custosas, desviando recursos de problemas globais mais prementes, como a pobreza, a má-nutrição e a falta de saneamento básico. Ele defende que a adaptação e a inovação tecnológica são respostas mais pragmáticas e humanas do que tentativas draconianas de descarbonizar a economia global à força.
Essa visão pragmática encontra eco em outros cientistas de renome. O físico atmosférico Richard Lindzen, do MIT, e a climatóloga Judith Curry, da Georgia Tech, já argumentaram que a sensibilidade do clima ao CO2 pode ser superestimada e que a variabilidade natural interna do planeta é um fator subestimado nos modelos atuais.
A ideia de que o clima era estático antes da atividade humana ignora evidências históricas. Períodos como o Ótimo Climático Medieval (séculos X-XIII), quando as temperaturas eram provavelmente mais altas que as atuais, permitiram a colonização viking na Groenlândia. Em contrapartida, a Pequena Idade do Gelo (séculos XIV-XIX) trouxe frio intenso e fome para a Europa. Esses eventos ocorreram sem a influência de combustíveis fósseis, demonstrando a variabilidade natural do sistema climático.
Surge, então, a pergunta crucial: até que ponto a ação humana é o fator determinante? Muitos cientistas, cujas vozes são muitas vezes abafadas, apontam para a influência de ciclos solares e oscilações oceânicas como os principais condutores do clima em escalas de tempo decenais e seculares. Culpar apenas o CO2 por todas as mudanças no clima é uma explicação simplista para um sistema que é complexo e imprevisível.
Não se pode ignorar, ainda, a dimensão econômica por trás da “agenda verde”. Criou-se uma poderosa indústria bilionária em torno das teses das “mudanças climáticas”. Fundos de investimento, corporações de energia “renovável” e uma vasta rede de ONGs são financiados para promover uma narrativa única. Esta, por sua vez, justifica pesados subsídios, regulamentações e taxações que redistribuem riqueza e concentram poder, muitas vezes com um impacto questionável na temperatura global.
Portanto, a COP30 deve ser um espaço não para o dogmatismo, mas para o debate aberto. É preciso escutar os cientistas céticos, avaliar os custos reais das políticas de net-zero e priorizar a resiliência e a prosperidade humana. O planeta sempre mudou. O grande desafio não é frear um processo natural, mas sim aprender a lidar com ele com inteligência, sem renunciar ao nosso progresso e qualidade de vida em razão de um alarmismo financiado por interesses políticos.
Márcio Coimbra é CEO da Casa Política e Presidente-Executivo do Instituto Monitor da Democracia. Conselheiro e Diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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