Quinta-feira, 05 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2025
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que anunciou nessa terça-feira (3) ter saído do Brasil para evitar ser presa, pretende se estabelecer na Itália e de lá organizar uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes semelhante à realizada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. A deputada tem cidadania italiana e a primeira ministra do país é Giorgia Meloni, do partido de ultradireita Fratelli D’Ítalia.
Em 14 de maio, Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto com o hacker Walter Delgatti. Com a condenação, ela ficou inelegível por oito anos. Ainda cabem recursos da decisão.
Agora com a fuga para a Europa, Zambelli deve pedir licença por questões de saúde, da mesma forma que fez Eduardo Bolsonaro, e é provável que abra mão do mandato para o qual foi eleita em 2022.
Antes de sair do Brasil, Zambelli discutiu o plano com alguns correligionários e consultou também o PL.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que o partido apoia a iniciativa de Zambelli e vai dar suporte à sua mãe e ao filho adolescente que ficou no Brasil. Após a deputada inicialmente ter anunciado já estar na Europa, ela posteriormente disse em entrevista à CNN estar nos Estados Unidos, de onde deverá seguir para a Itália.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli e o hacker Walter Delgatti foram responsáveis por elaborar e inserir diversos documentos falsos no sistema do CNJ. Entre eles, um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado. O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.
Logo após a condenação, ela deu uma entrevista coletiva em São Paulo, criticando a sentença. Esta foi sua última aparição pública no Brasil.
Agora no exterior, a deputada disse em entrevista à radio Auriverde que é alvo de perseguição e que vai viajar pelo continente europeu e se reunir com autoridades para denunciar o que chama de distorções na realidade brasileira. Além da Itália, outro país em que os bolsonaristas apostam para engrossar a campanha contra o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes é Portugal.
“Estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscar um tratamento médico, e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo (…) Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia. Estou muito tranquila quanto a isso”, afirmou.
“Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender meu público (…) Nosso país não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu”. (Com informações da coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo)