Terça-feira, 09 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2025
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgará a decisão sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic, nesta quarta-feira (10). A expectativa do mercado é de manutenção dos juros em 15% ao ano, número estimado de forma unânime. A grande questão que chamará a atenção é o tom do comunicado do BC, que pode dar pistas de quando começará o corte de juros. Até o momento, a maioria dos analistas precifica um corte em março, mas há uma pequena parcela que ainda vê redução de juros em janeiro.
Para a equipe do UBS BB, o corte de juros não será em janeiro. O banco diz que uma medida de redução de juros na primeira reunião de 2026 seria prematura, dadas as expectativas de inflação futura ainda sem ancoragem e a previsão de inflação fora do centro da meta do Copom. “Assim, estimamos que o Copom promova o primeiro corte somente em abril, possivelmente em março, quando seu modelo deverá prever uma inflação para o sexto trimestre mais próxima da meta de 3%”, diz Rafael De La Fuente e sua equipe, que assinam o relatório do UBS BB.
O banco diz que essa expectativa é fundamentada em declarações recentes do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que afirma que a taxa básica de juros da economia deve permanecer elevada por um período prolongado para produzir a convergência para a inflação de 3% ao ano. “E essa convergência ainda não aconteceu”, dizem os analistas do UBS BB.
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, segue a mesma linha do UBS. Ele diz que o corte de juros deve começar em março, quando o Copom terá novas leituras de inflação, atividade e fiscal, além de maior visibilidade sobre o ambiente externo após as primeiras decisões do Fed em 2026. “Para o corte de juros se concretizar é necessária uma acomodação mais clara das expectativas de inflação para 2026 e 2027, uma melhora no quadro fiscal e mais evidências da desaceleração da atividade econômica”, diz Belitardo.
Ele diz que o comunicado deve manter um tom neutro para levemente contracionista, reforçando a necessidade de consolidação das expectativas de inflação antes de iniciar cortes, mas já preparando o terreno para flexibilização em 2026. Segundo ele, a tendência é de que o Copom deve reconhecer a melhora gradual do quadro inflacionário e da atividade, sem oferecer compromisso explícito, mas deixando claro que o próximo movimento tende a ser de redução.
A Hike Capital estima uma Selic por volta de 11,5% ao ano no término de 2026, refletindo uma trajetória gradual de cortes ao longo do ano. “Em um cenário mais favorável, a taxa pode se aproximar de 11%, mas um ambiente fiscal mais desafiador pode manter a Selic mais próxima de 12%”, salienta Belitardo.
Matheus Cabral, banker da Guardian Capital, é mais duro e prevê a Selic a 14% ao ano ao término de 2026. Segundo ele, o ano eleitoral deve trazer preocupações para o mercado sobre a política fiscal. Por isso, ele vê a redução de juros em apenas 1 ponto porcentual com o corte de juros começando ao fim do primeiro trimestre de 2026.
Por outro lado, outra parte do mercado aposta em corte de juros no próximo mês. Para o Itaú, a Selic deve ser reduzida em 0,25 ponto porcentual na reunião de janeiro de 2026. O banco diz que essa medida seria tomada se o Copom retirar alguns trechos do comunicado a ser divulgado. O primeiro é que o Comitê “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado”.
Outra frase que precisa ser retirada do comunicado seria a manutenção da Selic elevada por um “período bastante prolongado”.
“O risco de postergação do início do ciclo de cortes ainda está presente: uma surpresa positiva na atividade ou no mercado de trabalho, ou uma taxa de câmbio mais depreciada, podem adiar o início da flexibilização monetária”, afirma Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú. O banco estima que a Selic deve encerrar 2026 cotada a 12,75% ao ano.
Luis Felipe Vital, estrategista-chefe de macroeconomia da Warren Investimentos, tem a mesma perspectiva, de corte de juros em janeiro. Segundo ele, a fala de Galípolo na semana passada também destacou que o período bastante prolongado não se renova a cada reunião. Segundo Vital, o próprio Galípolo disse que o mercado deve entender o bastante prolongado como uma “integral”, ou seja, acumulado desde que o BC passou a usar o termo pela primeira vez.
“Em termos práticos, essa fala foi entendida como uma grande perda de relevância na expressão bastante prolongado”, aponta. “Assim, o bastante prolongado que o BC usou no último comunicado não restringe as ações futuras”, diz Vital. Além do corte de 0,25 ponto porcentual em janeiro, o especialista calcula outras reduções subsequentes entre 0,25 ponto porcentual e 0,5 ponto porcentual, com a Selic encerrando 2026 a 12,25%.
Em suma, a maioria do mercado estima uma redução de juros a partir de março, pois a inflação ainda está distante do centro da meta. No entanto, os mais otimistas entendem que o comunicado do BC pode sinalizar um corte no próximo mês. Tudo dependerá de como será o tom do Copom, o verdadeiro motivo para economistas e investidores acompanharem a decisão de juros desta semana. As informações são da revista Veja.