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Por Redação O Sul | 8 de maio de 2020
Baixos níveis de vitamina D estão fortemente relacionados com a taxa de mortalidade da Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus. Essa foi a conclusão de um estudo publicado no último dia 30 de abril, liderado por pesquisadores da Northwestern University, dos Estados Unidos, após o acompanhamento de dados clínicos de pacientes de dez países: China, França, Alemanha, Itália, Irã, Coreia do Sul, Espanha, Suíça, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Mas quais os riscos da superdosagem? Como encontrar um equilíbrio? Com a adoção da quarentena como medida de proteção, quando temos menos contato com o sol, e com a chegada do inverno, todos devemos tomar suplemento de vitamina D?
Segundo o estudo, há uma relação entre deficiência de vitamina D é a chamada tempestade de citocina, uma reação imune que pode ser fatal e tem sido observada em pacientes com coronavírus. A relação entre deficiência de vitamina D e altas taxas de mortalidade também foi confirmada. No entanto, é válido ressaltar que, embora a vitamina D faça bem para diversas funções corporais, o ditado “quanto mais, melhor” não se aplica aos níveis ideais recomendados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A explicação para isso é que existem quantidades limites determinadas para a presença dessa vitamina no corpo humano; ou seja, quando esses limites são ultrapassados, há uma superdosagem de vitamina D no nosso organismo, o que pode causar complicações à saúde, principalmente para as pessoas que estão no grupo de risco. Equilíbrio, portanto, é fundamental.
A vitamina D desempenha um papel fundamental no nosso organismo, agindo no equilíbrio de diferentes órgãos e funções do corpo humano. Responsável por regular a absorção de cálcio e fósforo, ela mantém o cérebro ativo, além de fortificar ossos, dentes e músculos – inclusive o coração, e regular o crescimento, os sistemas imunológico e cardiovascular, o metabolismo e a insulina. Em atletas, a deficiência de vitamina D fará com que o corpo tenha uma resposta muscular inferior. Contudo, com o confinamento em casa, os níveis de vitamina D presentes no organismo podem sofrer uma baixa, visto que o processo de sintetização da mesma ocorre a partir da exposição da pele ao sol. Durante a quarentena, os passeios e atividades ao ar livre ficam comprometidos, então é importante reservar alguns minutos do dia para um banho de sol, seja no quintal, na sacada ou em frente à janela.
Segundo a SBEM, estão no grupo de risco: idosos, gestantes, lactantes, pessoas que sofrem quedas e fraturas recorrentes, pacientes com raquitismo, osteoporose, hiperparatiroidismo, doenças inflamatórias, doenças autoimunes, doença renal crônica e síndromes de má absorção (clínicas ou pós-cirúrgicas, como a bariátrica). De acordo com o endocrinologista Guilherme Renke, essa pessoas devem fazer exames constantes para avaliação dos níveis de vitamina D no sangue, tendo em mente que, para se ter uma boa saúde óssea, a concentração recomendada para um adulto jovem é de 20 nanogramas por mL de hidroxivitamina D no sangue.
Níveis ideais no sangue e suplementação: Deficiência – abaixo de 10 nanogramas por mL; Insuficiência – entre 10 e 20 nanogramas por mL; O ideal – entre 20 e 60 nanogramas por mL; Acima da dosagem ideal – entre 60 e 100 nanogramas por mL; Superdosagem – acima de 100 nanogramas por mL.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), os níveis ideais de suplementação de vitamina D para cada faixa etária devem ser avaliados individualmente por médicos, após exame de sangue, mas em média podem ser estipulados em: Para adultos, doses de manutenção variam entre 400 e 2.000 UI/dia, a depender da exposição solar e da coloração da pele; Para idosos, as doses recomendadas variam de 1.000 a 2.000 UI/dia ou 7.000 a 14.000 UI/semana, também de acordo com o grau de exposição ao sol e à cor da pele; Para lactentes, crianças e adolescentes, recomenda-se a ingestão de pelo menos 400 UI/dia de vitamina D.
Nesse cenário de restrição da luz solar devido à quarentena, quando se está preso em apartamentos, recomenda-se que os indivíduos do grupo de risco, especialmente os idosos, façam exames periódicos para avaliação dos níveis de vitamina D e, caso seja necessário aumentá-los, apenas tomar banho de sol não será suficiente, sendo preciso aumentar as doses de vitamina D no sangue por meio da suplementação.
Contudo, o banho de sol continua sendo a forma natural mais eficaz do corpo sintetizar vitamina D. De acordo com Renke, para o nosso organismo catalisar a substância, é necessário se expor à luz solar entre 10h e 15h, pois são nesses horários em que há maior intensidade de raios ultravioleta B (UVB), os quais sintetizam a vitamina D. Por outro lado, é importante frisar que a exposição prolongada à luz solar nesse período não é recomendada pelos dermatologistas devido ao risco de câncer de pele. Portanto, cerca de 15 minutos diários no sol são suficientes para garantir a produção da substância.