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Brasil Corrupção na candidatura do Rio de Janeiro aos jogos olímpicos de 2016 expõe falhas do sistema que elege as sedes das Olímpiadas

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Rio Grande do Sul tem 65 atletas e outros representantes credenciados para o evento. (Foto: Reprodução)

Acusações de compra de votos na candidatura da Rio-2016 colocam em xeque o método de escolha das sedes de Jogos Olímpicos. A avaliação é de Lamartine da Costa, membro da ISOH (Sociedade Internacional de Historiadores Olímpicos), e Alberto Murray, que foi membro da Assembleia Geral do COB entre 1996 e 2008. Pesquisadores da trajetória dos Jogos, Costa e Murray divergem sobre o peso da família Diack na votação, após, segundo investigação do MPF (Ministério Público Federal), ter recebido propina da candidatura do Rio. Ambos, porém, apontam a necessidade de reformular o modelo.

Neto de Sylvio de Magalhães Padilha, ex-atleta que presidiu o COB por quase três décadas, entre 1963 e 1990, Murray lembra que o sistema passou por transformações no início desde século. Mas considera que o formato atual “faliu”:

“Talvez seja a hora de tirar a escolha unicamente das mãos de membros do COI e pulverizar o colégio eleitoral. A realização dos Jogos Olímpicos não pode ficar sob responsabilidade de apenas cem pessoas.”

Antes do Rio, Lamartine da Costa aponta um marco na corrupção envolvendo escolhas de sedes: a propina na candidatura de Salt Lake City (EUA) aos Jogos de Inverno de 2002. O escândalo, que levou à expulsão de 10 membros do COI, mostrou que a votação era vulnerável a práticas ilícitas em larga escala.

“Na época, o (então presidente do COI, Juan Antonio) Samaranch convidou pessoas graúdas para estudar o sistema e evitar que aquilo se repetisse. Uma delas era Carlos Arthur Nuzman. Ou seja, ele criou condições das quais não pode reclamar” observa Costa, que também é professor da UERJ.

Nuzman se afasta do COB

A introdução da “Agenda 2020”, documento com recomendações para tornar os Jogos Olímpicos mais baratos a partir de Tóquio, é citada por Lamartine como uma mudança de paradigma importante na luta contra a corrupção. O pesquisador lamenta que o Brasil tenha mantido o modelo faraônico nos Jogos de 2016 — a agenda foi lançada pelo COI há três anos, na reta final da construção de arenas para a Olimpíada do Rio.

“O sistema já está mudando, se aperfeiçoando, por conta da Agenda 2020. Nuzman ainda adotou a linha dos Jogos “monumentais”. A corrupção é criativa. As relações de “ganha-ganha” descritas pelo MPF ficarão mais difíceis”, aposta o professor.

Embora reconheça que a votação do Rio tenha sido exposta a práticas ilícitas, Lamartine vê com cautela a acusação de que a propina paga ao senegalês Lamine Diack tenha convertido outros votos no continente africano:

“Houve defeitos ao longo do processo, mas é muito difícil uma corrupção com este alcance.”

Murray, por sua vez, diz que a influência de Lamine Diack, ex-presidente da IAAF (Federação Internacional de Atletismo), não pode ser desprezada. Tampouco a possibilidade de outros envolvidos no esquema, uma das linhas de investigação seguidas pelos procuradores brasileiros:

“Há pessoas que controlam votos de seus continentes, e até de outros, seja por terem prestígio ou pelo dinheiro. Quem estava no atletismo sempre soube que o Diack era pilantra. Mas acredito que a candidatura do Brasil também agiu em outras frentes, sem intermédio dele.”

Suspeito de ter intermediado compra de votos para 2016, Nuzman pediu, ontem, afastamento do COB. O dirigente está preso temporariamente, desde quinta-feira, em Benfica. Vice-presidente do COB, Paulo Wanderley convocou uma assembleia extraordinária para quarta-feira, na qual será discutida a situação da entidade. Nuzman pode renunciar ao cargo.

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