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Saúde Cozinhar em casa ajuda a diminuir ansiedade durante a pandemia de covid

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Hábito serve como prática de 'mindfulness', técnica que ajuda a ficar em paz com o presente. (Foto: Reprodução)

Uma nova forma de terapia, bem distante do divã, vem ganhando força entre homens e mulheres: a cozinha terapia. A técnica tem reunido desde pessoas ansiosas, mentalmente exaustas, ou emocionalmente abaladas pela separação dos parentes e amigos durante a pandemia. A atividade não é uma técnica catalogada. No entanto, segundo o psicólogo Flavio Gonzalez, escolher e preparar os alimentos pode trabalhar diversas dimensões do psiquismo.

Um dos potenciais é o resgate das memórias afetivas. Afinal, quem não tem lembrança de algo que a mãe, a avó ou o pai preparava na infância? Os inesquecíveis almoços de domingo, jantares de Natal, churrascos de fim de ano ou festinhas de aniversário?

“Reproduzir uma receita de família remete ao seu passado, sua história, e isso traz a sensação de segurança e da continuidade do tempo. São lembranças olfativas, gustativas e até visuais, e isso muitas vezes é pouco explorado. O gatilho é sensorial”, afirma Gonzalez.

Essa forma de entrar em contato com as recordações também pode ser uma ferramenta para lidar com o luto. Com 570 mil vidas perdidas para a Covid-19 no Brasil, milhões de pessoas enfrentam a saudade sem ter tido a possibilidade de realizar os rituais de despedida tradicionais.

Durante a pandemia, o consultor de empresas Alfredo Guimarães Motta, 50 anos, se deparou com o tédio de ficar em casa, apenas remoendo todas as notícias deprimentes. Para sair dessa situação, decidiu ir para a cozinha. Ao longo desse período, fez mais de 140 receitas.

“A cozinha, para mim, foi superterapêutica. O fato de ter uma proposta, uma receita aonde se quer chegar, aquilo te envolve”, conta Motta, que também encontrou na culinária uma forma de se conectar com sua mãe, já falecida. “Eu tinha uma cadernetinha de telefones da minha mãe e, um dia, folheando, achei uma receita de bobó de camarão. Foi um presente. Fiz o bobó três dias seguidos até achar o ponto que achei que ela gostaria. A cozinha é muito emocional.”

Mindfulness

A cozinha terapia também se destacou nos últimos tempos como um exercício contra a exaustão mental, um dos problemas agravados pela pandemia. Segundo o psicólogo, é como uma estratégia de mindfulness, já que a preparação de um prato exige que a pessoa esteja conectada ao presente, atenta ao que está fazendo e com o sensorial ativado. Isso também ajuda a lidar com a ansiedade, desligando da hiperestimulação, tão comum diante de tanta conectividade.

A chef Elaine Sá, autora do livro “Cozinhaterapia” (editoria Ixtlan), viu um interesse maior sobre o tema ao longo do último ano. “Na pandemia isso ficou mais evidente. O pessoal passou a cozinhar em casa, começou a gostar, foi uma válvula de escape, uma terapia para muita gente. É o que eu sempre digo: quer relaxar? Vai para o fogão”, afirma Sá.

A chef destaca que a atividade se diferencia daquela correria para preparar o almoço durante a semana, enquanto as crianças vão para a escola ou entre uma reunião virtual e outra. É preciso tempo.

“Se preparar para a cozinha terapia é diferente do que se faz rotineiramente, de forma automática. Você pensa na receita, escolhe os produtos com cuidado, decide o que comprar, combina com o que vai beber, ouve uma música… Uma possibilidade é fazer aos finais de semana. E o mais importante é se arriscar, não colocar expectativa. Se errar da primeira, não se frustre, vai de novo”, ressalta.

Para quem quer dar os primeiros passos, a chef recomenda começar por uma bruschetta ou preparar um espaguete com o molho de preferência.

Ritmo lento

Um dos primeiros movimentos a associar o ato de cozinhar ao bem-estar físico e mental nasceu na Itália, em 1986. Batizado de Slow Food, tem o propósito de eliminar a pressa durante as refeições e se opor à padronização dos alimentos. Ele nasceu após uma manifestação em reação à tentativa de construção de um McDonald’s na Piazza di Spagna, em Roma, e hoje está presente em mais de 160 países, incluindo o Brasil, influenciando cardápios de restaurantes.

Em tempos da cultura do fast food, resgatar os rituais relacionados à alimentação, com mais calma e qualidade, faz bem não só para o corpo, mas também para a mente.

“No fast food você engole o lanche pensando no trabalho, no que vai fazer daqui a pouco. E o slow food tenta resgatar a ideia de estar presente. Esse ato ritualístico de uma alimentação que te estimula a estar ali é um exercício para vida”, diz o psicólogo Gonzalez. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/cozinhar-em-casa-ajuda-a-diminuir-ansiedade-durante-a-pandemia-de-covid/ Cozinhar em casa ajuda a diminuir ansiedade durante a pandemia de covid 2021-08-20
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