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Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2017
Estar insatisfeito com o corpo não é sinal de alerta. Mas quando a imagem de si mesmo é vista de forma distorcida e são tomadas medidas extremas para mudar isso, sim. Estudo do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido mostrou que aumentou em 70% o número de homens entre 41 e 60 anos com transtornos alimentares nos últimos seis anos. A pressão das redes sociais seria um dos motivos.
Pela internet, todos aparentam ter vida e corpos perfeitos. A realidade, entretanto, é mais difícil. A pressão para atingir esses ideais, que nem sempre são reais e muito menos saudáveis, acaba resultando no desenvolvimento de transtornos como bulimia ou anorexia.
A busca desenfreada pode acabar se tornando patológica, alertam os médicos. É preciso avaliar os prejuízos na saúde mental e física.
Segundo o endocrinologista Pedro Assed, o estudo reflete um fenômeno, que ocorre também no Brasil: os consultórios têm recebido cada vez mais homens com transtornos associados à estética corporal.
“Para obedecer padrões de beleza que a sociedade vangloria como modelos a serem seguidos, a pessoa atinge um lado patológico. Ambiente familiar muito rígido também influencia e a criança ou adolescente cresce sem aceitar seu corpo, diz o médico.
Famílias e amigos, portanto devem ficar atentos aos sinais. Quanto mais precoce o distúrbio foi identificado, maior a chance de recuperação. Para o tratamento é preciso equipe com médicos, nutricionistas e psicólogos.
Apesar do excessivo crescimento entre a população masculina, as mulheres ainda representam a maior parte dos diagnósticos de transtornos.
A nutricionista Patrícia Bertoni conta que vê o problema muito recorrente também entre adolescentes que sofrem bullying de colegas.
“O menino em desenvolvimento que está acostumado a receber apelidos, chega logo querendo entrar na academia e pede suplemento proteico. Os mais velhos, quando procuram, já tentaram outras medidas antes, como anabolizantes, e têm outros problemas de saúde”, diz a profissional.
Os especialistas lembram que, normalmente, os homens postergam a procura por um médico e demoram a admitir que passam por um problema. Por conta disso, os números de diagnósticos podem ser ainda maiores.
Problemas
Anorexia nervosa: É um distúrbio de imagem que faz com que a pessoa não se aceite e se enxergue de forma distorcida. Isso provoca a busca por medidas extremas para perder peso, como dietas restritivas e uso de remédios.
Bulimia: A pessoa oscila entre restrição alimentar e compulsão, com ingestão exagerada de comida. Nesses casos, há culpa, perda de controle seguido de vômito ou abuso de laxantes para não ganhar peso.
Ortorexia: Também se torna comum. É a rejeição por comer o que não tenha sido preparado pela pessoa por temer que o alimento não seja saudável, por achar que vai engordar. Prejudica a vida social.
Vigorexia: Cada vez mais comum, resulta na prática exagerada de atividade física na busca por um corpo idealizado. Por mais definida ou musculosa que a pessoa seja, não se vê como tal.
Sintomas
1) Dramáticas flutuações de peso: perda ou ganho marcantes.
2) Sinais de fraqueza e sonolência excessiva, fadiga e letargia.
3) Palidez e reclamações de tontura e desequilíbrio sem razões médicas.
4) Perda de memória e baixa capacidade de concentração.
5) Distúrbios e alterações na qualidade do sono, como insônia.
6) Depressão, ansiedade e comportamento obsessivo.
7) Períodos alternados de dieta muito restritiva e comendo demais.
8) Preocupação extrema com aparência, corpo, peso e “saúde”. (AG)