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Por Redação O Sul | 17 de junho de 2017
O indicador de atividade econômica adotado pelo Banco Central cresceu 0,28% em abril, resultado considerado fraco e que sinaliza que o efeito positivo do agronegócio sobre a economia ficou para trás e o segundo trimestre pode se confirmar negativo.
Na comparação com abril do ano passado, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou 1,75%, invertendo a trajetória de alta desenhada em março (avanço de 0,84% ante igual mês do ano anterior).
Para o Bradesco, a alta do IBC-Br em abril refletiu principalmente o crescimento das vendas do varejo e do setor de serviços. Ainda assim, a equipe econômica do banco manteve a expectativa de queda de 0,4% para o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre.
Olhando à frente, a equipe do Banco Fator avalia que os dados de maio já indicam desaceleração da economia, sendo impossível dizer se os efeitos da crise política sobre as decisões de produzir e de consumir já estão na conta ou não são relevantes.
Em contrapartida, Alberto Ramos, diretor de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs, afirma em relatório que indicadores de confiança mais recentes e dados da indústria indicam que a economia encontrou um ponto de inflexão no primeiro trimestre do ano.
Isso não significa reação do crescimento econômico. Para Ramos, ele deve se manter fraco em 2017, dado o mercado de trabalho ainda muito ruim e fortes incertezas geradas pelo cenário político.
Investimento menor
Na avaliação de Bruno Levy, economista da Tendências Consultoria, considera que o IBC-Br veio fraco, mas não a ponto de mexer com as projeções para o PIB do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A estimativa da Tendências para o PIB é de uma alta de 0,3% para este ano e outra, bem mais forte, de 2,8% para o ano que vem.
As turbulências que atingiram o governo alteraram especialmente as expectativas para o componente do investimento na economia. A alta esperada de 2% foi revista para queda de 1,1% em 2017.
Os investimentos feitos pelos setores da construção civil e da indústria da transformação são os mais afetados.
No sentido oposto, o consumo foi revisado levemente para cima (de -0,3% para zero), levado pela queda da inflação e dos juros e também pela liberação das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Parece pouco, diz Levy, mas por representar dois terços da economia, essa alta de consumo compensará a piora dos investimentos.
Em abril, os números do comércio foram determinantes para o PIB do período. O setor cresceu 1% puxado, principalmente por supermercados. Esse resultado é importante porque reforça o quadro de recuperação da economia com inflação em queda. Na prática, o brasileiro começa a voltar às compras.
Nos serviços, o cenário é semelhante. Em abril, o setor também cresceu 1% e teve o melhor resultado para qualquer mês desde março do ano passado, quando foi registrada expansão de 1,2%. A indústria também contribui para a retomada do crescimento no período, com um avanço de 0,6% na produção.