Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2016
Uma criança de 11 anos foi morta por um GCM (Guarda Civil Metropolitana) na madrugada deste domingo (26) na zona leste de São Paulo.
A polícia informou que o menino e mais dois homens estavam realizando assaltos na região de Cidade Tiradentes quando foram abordados pela GCM.
Durante perseguição, guardas civis realizaram vários disparos. Um deles atingiu o menino Waldick Silva Chagas, que estava no banco de trás do carro – um Chevette cinza. O crime aconteceu na rua Regresso Feliz. Os dois criminosos que estavam com o menino fugiram do local do crime.
A abordagem da GCM aconteceu, segundo a polícia, após o alerta de um motoqueiro, que foi não encontrado após a ocorrência. A polícia disse que testemunhas já foram ouvidas e que o local do crime já foi periciado. O carro tinha apenas uma marca de tiro no vidro traseiro. O corpo do menino foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal).
Segundo o advogado Ariel de Castro, do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), não há provas de que as pessoas no carro estivessem cometendo assaltos. “Também não há indícios de que houve troca de tiros. A única marca de tiro é no vidro do carro, na altura da cabeça”, diz ele.
Inicialmente, o caso foi registrado no 49ª DP (São Mateus) e, depois, encaminhado para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A Secretaria da Segurança Pública informou que um inquérito policial foi aberto e que o GCM envolvido na morte do menino foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção).
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Urbana, que não quis comentar o incidente. A Prefeitura de São Paulo disse, em nota, que “ordenou apuração rigorosa do ocorrido e afastamento dos agentes da Guarda Civil Metropolitana envolvidos, até que se esclareçam os fatos”.
MENINO ITALO
No dia 2 de junho, o menino Italo, de dez anos, foi morto a tiros por policiais militares durante uma perseguição na zona sul de São Paulo. Italo e mais um colega de 11 anos haviam furtado um carro em um condomínio da região e passaram a ser perseguidos.
“É preocupante que dois casos envolvendo a morte de crianças por agentes de segurança tenham ocorrido em um espaço de tempo tão curto”, disse Castro.
O menino de 11 anos, que estava com Italo dentro do carro, deu versões diferentes sobre o ocorrido. Nas duas primeiras vezes que foi ouvido, disse que o colega estava armado e que tinha efetuado três disparos contra a polícia. Depois, mudou a versão. Passou a dizer que nenhum dos dois estava armado e que a polícia plantou a arma para justificar os disparos. Ninguém da polícia se manifestou neste domingo.
Na última sexta (24), o secretário da Segurança Pública no Estado, Mágino Alves Barbosa Filho, disse que a polícia vai realizar um exame psicológico no menino de 11 que estava no carro. O exame buscará saber se há algum transtorno. A intenção, segundo Mágino, é “ter um pouco mais do perfil deste menino.” (Folhapress)