Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de junho de 2020
A jornalista Vicky Ward escrevia na “Vanity fair” em 2003, quando recebeu a incumbência de fazer um perfil de Jeffrey Epstein. Ele era uma figura misteriosa, mais conhecida por seus bilhões e pela amizade estreita com figuras como Donald Trump e o príncipe Andrew. Em sua apuração, entretanto, Vicky esbarrou em duas irmãs que tinham sido abusadas por ele. E a matéria ganhou um tom de denúncia. Porém, quando saiu publicado, o texto era só elogios para Epstein, surpreendendo a repórter, que acredita que ele tenha usado seu dinheiro e sua influência para evitar o escândalo. Essa é uma das histórias detalhadas em “Jeffrey Epstein: poder e perversão”, série documental dirigida por Lisa Bryant que chegou à Netflix.
Epstein usava sempre o mesmo método. Com a ajuda de sua namorada, Ghislaine Maxwell, aliciava menores de idade. As garotas eram chamadas para fazer uma massagem clássica, mas a preço de ouro. Minutos depois de iniciada a sessão, ele começava seus avanços. Intimidadas, as meninas muitas vezes sucumbiam. Ele gravava tudo em vídeo e driblava eventuais queixas com suborno e ameaças. A produção narra a investigação da polícia que resultou na sua prisão. Ela conta com farto material de arquivo, vídeos de interrogatórios e ótimas entrevistas. O espectador tem a exata dimensão do empenho das autoridades para capturar um criminoso que, poderoso, conseguiu escapar da lei por anos a fio. Os inúmeros depoimentos de jovens mulheres, todas elas sobreviventes dos abusos, são corajosos.