Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2025
A declaração do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, de que a “polícia prende mal” e, por isso, “o Judiciário é obrigado a soltar”, foi criticada por representantes das forças de segurança, governadores, parlamentares da oposição e até da base do governo. Depois da repercussão negativa, Lewandowski mudou o tom na sexta-feira e afirmou que a polícia brasileira é “altamente eficiente e preparada”. A nova polêmica ocorre no momento em que o governo federal tenta angariar apoios para a PEC da Segurança, que enfrenta resistência dos estados.
Em uma publicação no X, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), discordou do ministro da Justiça e criticou direitos dos presos, como as chamadas saidinhas – benefício que permite a detentos do regime semiaberto sair do presídio.
“Discordo do ministro Lewandowski. A polícia prende, a Justiça solta. Em vez de proteger pessoas de bem, concede regalias a criminosos. Minas tem uma das melhores polícias do país, mas é revoltante ver reincidentes nas ruas por saidinhas e benefícios inaceitáveis. Enxugamos gelo!”, escreveu o governador.
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que a fala do ministro não condiz com a realidade do país e defendeu que sejam feitas alterações legislativas para respaldar as prisões.
“Ora, a queixa é nacional. Então, todas as polícias estariam agindo errado?”, questionou o governador, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “É um tema que precisa ser resolvido. Eu particularmente entendo que merecem ser feitas alterações legislativas para respaldar essas prisões e dar condição aos juízes de manter preso esses criminosos, isso deve ser feito.”
Presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou o episódio para criticar o governo Lula: “Fuzis e drogas não são fabricados no Brasil e passam pelas fronteiras mais fácil que sinal de wi-fi”, afirmou o senador, que criticou a atuação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Com Lula, parece que a principal missão dessas instituições é perseguir adversários políticos. A culpa não é dos policiais, é do chefe deles.”
Além de tumultuar ainda mais o ambiente político para a votação da PEC da Segurança, a declaração de Lewandowski vai na contramão do esforço que Lula tem feito para modular seu discurso e tentar conquistar segmentos conservadores.
Na Câmara, o presidente da Comissão de Segurança Pública, Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), disse que vai pautar na terça-feira um pedido de convocação do ministro.
Em defesa de Lewandowski, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que os ataques da oposição são injustos e que o ministro sempre foi respeitoso com as polícias.