Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2017
ado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu nesta terça-feira (13) ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ter acesso às gravações que integram a investigação sobre o presidente Michel Temer antes de depor à Polícia Federal sobre o caso.
Em ofício encaminhado ao ministro Luiz Edson Fachin, que supervisiona o inquérito, aberto no âmbito da Operação Lava Jato, Cunha informou que o interrogatório está marcado para as 11h desta quarta (14), em Curitiba, onde ele está preso.
Cunha, porém, quer ter acesso ao material da investigação com 48 horas de antecedência para poder responder às perguntas com ampla defesa.
Desse modo, o peemedebista pediu ao STF que também determine à PF a “readequação da pauta” do depoimento.
Delações da JBS
Em março deste ano, Temer foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, numa conversa em que, segundo a PGR (Procuradoria Geral da República), deu aval para pagamentos a Cunha com o objetivo de convencer o ex-deputado a não fechar acordo de delação premiada.
A expressão “anuência” encontra-se na narrativa desse encontro feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) e integra o inquérito já autorizado pelo ministro Edson Fachin, do STF, para investigar o presidente.
O presidente Michel Temer negou que tenha atuado para calar Cunha. “Em nenhum momento autorizei que pagasse a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém”, afirmou o presidente.
Os interlocutores tratam do ex-deputado Eduardo Cunha. Joesley afirma que tem procurado manter boa relação com o ex-deputado, mesmo após sua prisão. Temer confirma a necessidade dessa boa relação: “tem que manter isso aí, viu”. Joesley fala de propina paga “todo mês, também” ao Eduardo Cunha, acerca da qual há anuência do presidente”, diz o relato oficial registrado pela PGR.
O trecho do diálogo em entre Temer e Batista com a referência a Eduardo Cunha é o seguinte, conforme a gravação:
Joesley Batista: Agora… o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu… o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok…
Temer: Tem que manter isso, viu… [Inaudível]
Joesley: Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado aqui no processo, assim [inaudível]…
Nesta semana, o ministro Edson Fachin concedeu cinco dias para a PF concluir o inquérito sobre Temer, prazo que vence na próxima segunda (19).
Depois, se avaliar que há provas contra o presidente, caberá à PGR oferecer uma denúncia; caso contrário, poderá pedir o arquivamento do caso. (AG)