Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2025
Para o especialista em envelhecimento saudável Peter Attia, dedicar longos períodos às cruzadinhas e revistas de sudoku não são as melhores estratégias para promover a saúde cerebral e evitar quadros futuros de demência e Alzheimer. Segundo o médico, essas atividades estimulam apenas áreas específicas do cérebro, fazendo com que a pessoa fique cada vez mais habilidosa naquele tipo de tarefa, mas sem oferecer um engajamento cerebral amplo e diversificado. No lugar desses “puzzles”, Attia sugere que o uso da mente esteja atrelado aos exercícios corporais, de forma que a prática de atividades físicas que envolvam movimento, tomada de decisão e planejamento seja mais eficaz para reduzir as chances de desenvolver doenças cognitivas.
Além disso, o especialista reforça que hábitos como manter um sono de qualidade e controlar a pressão arterial em níveis saudáveis também têm impacto positivo significativo na prevenção de problemas neurológicos. Attia esteve no Brasil para uma palestra no evento HSM+, realizado nesta quinta-feira em São Paulo, onde abordou essas e outras recomendações voltadas à saúde cerebral e ao envelhecimento saudável.
“A dança envolve mais padrões cerebrais. O objetivo (para a prevenção de doenças cognitivas) é manter o cérebro o mais engajado possível, e a melhor forma de engajar o cérebro é quando você combina movimento, planejamento e reação ao mesmo tempo. Quando você faz Sudoku ou palavras cruzadas, você está usando um tipo específico de área do cérebro. E, ao fazer isso, você vai ficar cada vez melhor nessa tarefa. Não há nada de errado com isso. Mas o foco devem ser as atividades que são muito mais multifacetadas, que exigem mais habilidades do corpo”, afirmou Attia.
O especialista também trouxe exemplos de atividades físicas que considera particularmente benéficas para a mente. “Fazer um esporte, um esporte com raquete é um ótimo exemplo de algo que pode ser até melhor do que correr. Porque correr é, de certa forma, repetir o mesmo movimento continuamente. Mas quando você está fazendo tênis, por exemplo, precisa se movimentar o tempo todo e reagir a uma bola que vem em uma direção, decidir se precisa ir para um lado ou para o outro. Então, acho que é por isso que vemos mais benefícios (mentais) em esportes complexos”, explicou.
Peter Attia é formado em medicina pela Universidade de Stanford e fez residência em cirurgia na respeitada Johns Hopkins. Globalmente, ele se tornou uma das principais vozes na discussão sobre envelhecimento saudável. Seu livro Outlive: a arte e a ciência de viver mais e melhor, lançado no Brasil pela editora Intrínseca, entrou em listas de mais vendidos. Além disso, Attia mantém um podcast e uma newsletter em que compartilha informações e pesquisas sobre longevidade e qualidade de vida, consolidando-se como referência mundial na área.