Domingo, 05 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2015
“Eu aprendo rápido”: essa mesma frase iniciou os dois períodos mais conhecidos da vida de Rafael Ilha, ex-integrante da banda Polegar, hoje mais lembrado pelo passado de drogas e problemas com a polícia.
Na primeira vez, a resposta foi dada a Gugu Liberato, criador do grupo que lhe deu fama, quando perguntou se ele sabia tocar guitarra. Na segunda, com um fuzil nas mãos, aceitou um “emprego” no tráfico de drogas.
Na biografia “Rafael Ilha: As Pedras do Meu Caminho”, escrita pela apresentadora Sonia Abrão, ele conta, em tom didático, como passou de popstar na “boy band” recordista de público no início dos anos 1990, a “gerente” do crime em uma favela do Rio de Janeiro, uma trajetória acompanhada de perto pela imprensa.
Já viciado em crack, o ex-músico diz ter conhecido o traficante Zuzu na casa da cantora Neusinha Brizola, que morreu em 2011, filha do ex-governador Leonel Brizola, com quem morou por um tempo. Na época, ela já não fazia sucesso e também era usuária de drogas.
Ele revelou que fugiu do lugar quando, em um episódio de surto, Neusinha o ameaçou com uma faca. Sem ter para onde ir, recebeu o amparo do traficante, que lhe ofereceu uma forma de ganhar dinheiro e perguntou se sabia usar um fuzil.
Ilha, então, virou Alemão e fez sua carreira no tráfico: foi fogueteiro (responsável por avisar aos criminosos sobre a chegada da polícia), chefe de contenção (barreira no pé do morro que segura a polícia a bala, para dar tempo aos traficantes), trabalhou na contabilidade e chegou a gerente, braço direito do dono do morro.
Foi baleado no ombro durante um tiroteio e precisou ser operado em um pronto-socorro improvisado na favela, por médicos e enfermeiros que prestavam serviço para o tráfico.
“Acho que o ponto em comum entre ser artista e ser traficante, para mim, foi a sensação de poder. Eu não tinha mais uma guitarra e um palco, mas eu tinha um fuzil e o morro”, diz.
O ex-músico falou que só decidiu mudar de vida quando foi obrigado a assistir a execução brutal de um dos membros da quadrilha, suspeito de trapacear na contabilidade do crime. “Foi brutal o que eu vi. Se fugisse, poderia ser o próximo. Ficar foi a maior tortura”, lembra. (Folhapress)