Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2022
A cúpula do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) suspendeu todos os feriados de outubro e novembro, pegando os funcionários de surpresa e provocando uma rebelião interna. A justificativa oficial para a suspensão foi dar prioridade ao censo, atrasado em dois anos.
De acordo com o comunicado na intranet do Instituto, até mesmo setores sem nenhuma ligação com a pesquisa – como, por exemplo, o de Recursos Humanos, geodésia (que estuda o relevo) e hidrografia (análise das marés) – terão que trabalhar nos três próximos feriados, sob o pretexto de garantir a conclusão do levantamento.
Um dos feriados cortados é o do servidor público, previsto para o próximo dia 28, a sexta-feira que antecede a votação. O feriado seguinte ocorre em 2 de novembro, quarta-feira seguinte à votação. A folga da proclamação da República, 15 de novembro, também foi suspensa.
No comunicado distribuído aos funcionários, a presidência do IBGE justificou a suspensão com a “imperativa necessidade de seguir com os trabalhos do Censo 2022” e orientou as chefias a negociar a conversão das folgas em bancos de horas ou nos seus planos de trabalho.
“O comprometimento e a colaboração de todos os ibgeanos é fundamental para o cumprimento do desafio do Censo 2022”, encerra a nota.
Os funcionários protestaram internamente pelo que consideravam uma decisão com motivação política, uma vez que a proximidade dos feriados poderia levar muita gente a viajar e emendar o final de semana, deixando de votar.
O IBGE tem 11.181 funcionários e 95 mil recenseadores envolvidos no censo em todo o Brasil.
Por causa das reclamações internas, a direção da instituição marcou uma reunião para a segunda-feira para rever a medida.
O temor de que funcionários emendassem o final de semana e não comparecessem às urnas tem mobilizado prefeitos e governadores à esquerda e à direita, além de parte do Judiciário, mas a decisão do IBGE chamou a atenção por contemplar todos os funcionários e não apenas os do censo.
“É algo muito extemporâneo. Já existiram situações, como na pesquisa da Pnad Covid, em que trabalhamos aos finais de semanas e feriados. O que é incomum é todos os funcionários precisarem trabalhar por três feriados”, diz um funcionário com mais de dez anos de casa.
“O setor de RH, por exemplo, nunca teve que trabalhar no feriado. Só se pode fazer contratação em dia útil. Além disso, o servidor público não pode ter remuneração em dobro, só com folgas. No caso do censo, eles são pagos por questionário. Como vai funcionar? Tudo indica que foi feito de forma atabalhoada, com ordens de cima”.
Diante da repercussão negativa, a cúpula do IBGE convocou uma reunião remota na próxima segunda para discutir a suspensão dos feriados, mas ainda não bateu o martelo a respeito do que será feito.
Na tarde deste sábado, o IBGE manifestou-se em nota na qual reiterou que a medida visa garantir a conclusão do censo, pois, nos feriados, haveria maior oportunidade de encontrar moradores em casa.
O órgão informou, ainda, que “todos os Coordenadores, subordinados diretamente aos diretores e aos superintendentes estaduais, que se trata de medida a ser recomendada, negociada, com cada servidor, sem ser impositiva ou mandatória” e que garantirá que o expediente nestas datas “seja uma ação voluntária e não mandatória”.