Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2017
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou nesta quarta-feira (31), em entrevista coletiva após tomar posse, que a definição sobre uma eventual mudança no comando da Polícia Federal deverá levar mais que dois meses.
Jardim fez a comparação com o período em que atuou como ministro da Transparência. Segundo ele, o critério que adotará na Justiça será o mesmo.
“Adotarei o mesmo cuidado, a mesma serenidade que adotei no Ministério da Transparência. Passei dois meses estudando o ministério”, disse Torquato Jardim, complementando que as mudanças “foram mínimas”.
Segundo ele, no Ministério da Justiça, “vai levar mais tempo, talvez, porque é um ministério oito vezes maior”.
Em outro momento da entrevista, diante da insistência de jornalistas sobre a permanência do diretor-geral Leandro Daiello no comando da PF, Jardim afirmou: “Eu respondo daqui a dois, três meses, quando analisar melhor o quadro”.
Para Torquato Jardim, o fato de Daiello estar no cargo desde 2011 não influenciará a decisão sobre a continuidade dele na função. Segundo o ministro, a antiguidade “não é fato relevante na análise que vamos fazer”.
O ministro afirmou que, na sexta-feira (2), viajará junto com Daiello para Porto Alegre, a fim de participar da posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul.
“Ida e volta são quatro horas de conversa. Acho que vai dar para aprender alguma coisa com o diretor da Polícia Federal”, disse.
Antes de encerrar a entrevista, questionado diretamente por uma jornalista sobre se confirmava a permanência de Daiello no comando da PF, o novo ministro da Justiça disse que, neste momento, “não cabe essa resposta”.
“Eu disse várias vezes: vamos conversar, vamos viajar juntos, vamos conversar sobre a Polícia Federal para que eu conheça o ambiente. Até porque estou também estou sob avaliação. Posso ter que ir embora daqui a algumas semanas, sabe-se lá”, afirmou.
A mesma jornalista insistiu e perguntou então se ele não descartava a troca na direção-geral da PF. “O mundo não é maniqueísta, preto e branco, sim e não”, disse.
Lava Jato
Ele também negou uma suposta intenção de inibir a Operação Lava Jato, que investiga, entre outros, o próprio presidente Michel Temer, ministros e parlamentares da base governista.
“A Lava Jato é oportunidade única de se construir uma nova ética pública”, declarou. “É um programa de Estado. Não é coisa de governo, [é] uma vontade de Estado, da sociedade brasileira”, afirmou.
Processo no TSE
Ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Torquato Jardim contestou informações de que a escolha dele para o ministério se devia a uma suposta influência sobre os ministros do tribunal.
Na próxima semana, o TSE retomará o julgamento do pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014.
Na avaliação de auxiliares de Temer e de integrantes de base aliada, com a destituição de Osmar Serraglio e a nomeação de Jardim, o Planalto espera melhorar a interlocução do governo nos tribunais às vésperas do julgamento no TSE.
“Se eu tivesse todo o prestígio que a imprensa me atribuiu, eu não assumiria o Ministério da Justiça, eu voltaria para o escritório de advocacia. Se quisesse praticar algum ato nas sombras, eu continuaria no Ministério da Transparência, não no da Justiça, até porque metade de vocês nem sabe onde é o Ministério da Transparência. Não tem qualquer fundamento isso”, disse.
Interrogatório de Temer
O ministro também falou nesta quarta sobre o interrogatório do presidente Michel Temer, autorizado pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato.
“Não conheço os autos, o processo nem a execução do depoimento. Por prudência mínima, vou deixar para responder a esta pergunta quando conhecer o limite da decisão e análise técnica da fita da gravação. Um perito aponta 50 manipulações, outro, 70 manipulações. Então, é preciso aguardar o depoimento”, afirmou.
O interrogatório foi autorizado por Fachin com base nas delações de executivos da JBS na Lava Jato. Segundo o Ministério Público, há indícios de que Temer e Aécio Neves atuaram para barrar a operação.
Foro privilegiado
Durante a entrevista após tomar posse, Torquato Jardim foi questionado sobre se o foro privilegiado se tornou uma “blindagem a políticos”. O ministro, então, respondeu que há “prós e contras”, mas, como “advogado militante”, se disse contra.
“O problema operacional dessa perspectiva [é que] não se imaginava tanta gente [com foro] no STF. A norma foi concebida para dezenas de pessoas, não centenas. O STF não tem capacidade para tratar de tudo isso”, afirmou.
Para o ministro, contudo, é importante saber se a primeira instância está “bem preparada” para processar políticos.
Orçamento da PF
Torquato Jardim afirmou que tem o compromisso de buscar garantir recursos para a operação da Polícia Federal. (AG)