Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2025
Ao repercutirem a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada na manhã de sábado (22) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, seus advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno mencionaram “profunda perplexidade” com a decisão, que segundo eles pode ser inconstitucional. Já familiares manifestaram preocupações relacionadas à saúde.
Sem citar o rompimento da tornozeleira eletrônica, a defesa alegou que a determinação estaria baseada em uma “vigília de orações”, em referência à convocação feita na véspera pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho mais velho. O parlamentar manteve a convocação de apoiadores e cerca de 100 pessoas se reuniram na noite de sábado (22) para orações na porta do condomínio onde o ex-presidente mora, em Brasília. Flávio foi ao evento junto com o irmão e vereador fluminense Carlos Bolsonaro (PL), além de aliados.
A defesa obteve de Alexandre de Moraes autorização para as visitas dos filhos e da mulher, Michelle Bolsonaro, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, para onde ele foi levado após ter decretada sua prisão preventiva em regime fechado.
Fuga
Ao criticar a decisão, os advogados argumentaram que a Constituição Federal de 1988 assegura o direito de reunião, “em especial para garantir a liberdade religiosa”, e contestaram a afirmação do ministro sobre risco de evasão:
“Apesar de afirmar a existência de gravíssimos indícios da eventual fuga, o fato é que o ex-presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais”, argumentaram.
O PL, partido de Bolsonaro, também divulgou nota oficial criticando a prisão preventiva e na qual diz que a decisão, classificada como “desnecessária”, causou “espanto” na sigla. No texto, ressalta que adotará “todas as medidas necessárias” para tentar reverter a prisão e destaca o estado de saúde do ex-presidente, lembrando as sequelas da facada de 2018 e as cirurgias posteriores.
De Fortaleza (CE), para onde viajou a fim de participar de um encontro do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro postou um comunicado nas redes em que diz que “confiar na Justiça humana já não se sustenta”. Ela também citou o atentado sofrida pelo ex-presidente em 2018, “que traz sequelas até hoje”.
Mais tarde, em vídeo compartilhado pela conta do PL Mulher, Michelle descreveu a prisão do marido como uma “guerra espiritual do bem contra o mal” e acrescentou: “Estamos vivendo dias difíceis, mas estamos de pé, resilientes, crendo em Deus, que tudo vai se resolver. O sol da Justiça vai brilhar no Brasil”.
Na vigília, Flávio Bolsonaro negou que o pai tenha tentado fugir ou retirar a tornozeleira eletrônica, motivos que justificaram a ordem de prisão preventiva pelo ministro do STF:
“Não consigo imaginar qual seria a possibilidade do meu pai conseguir caminhar, talvez mais de 1 quilômetro de lá até aqui com uma possível aglomeração que tivesse aqui nesse local que a gente tá fazendo, onde já aconteceram várias outras vigílias e a gente tem a esperança de que o povo está conosco”.
O irmão Carlos, por sua vez, alegou que, se fosse essa a intenção, o pai teria tentado cortar a tornozeleira: “Ele tava ali e logo chegaram os policiais, bateram na porta dele, viram que ele estava em casa, trocam a tornozeleira e ele voltou a dormir. Essa é a fuga absurda aí, milagrosa, ele ia sair voando…”.
Sucessão
Mais cedo, ao divulgar um vídeo em que manteve a convocação do ato, Flávio disparou ataques ao comentar o cenário político de 2026, insistindo na tese de que o ex-presidente ainda não deveria apontar um nome como “herdeiro” político ainda. Também chamou de “canalha” quem cobra essa definição por parte do ex-presidente:
“Quem falar agora de sucessão de Jair Bolsonaro é canalha. O momento não é de discutir isso, é de dar suporte a um cara que está doente dentro do cárcere, é o momento é de mostrar de quem o povo está ao lado, que é ao lado do Bolsonaro”.
Ao falar sobre os motivos que levaram à prisão do pai, o senador defendeu o direito de convocar a vigília e chamou de “esdrúxula” a decisão de Moraes: “Não vamos temer nada e nem ninguém. A Constituição está do nosso lado, temos direito de rezar, de nos mobilizarmos para defender aquilo que a gente acredita que seja o melhor para o Brasil”. (com informações de O Globo)