Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2017
Principal liderança do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dado sinais trocados desde que a crise que atinge o governo Michel Temer se agravou com a delação da JBS/Friboi. A defesa, por parte de FHC, da antecipação de eleições gerais, por exemplo, pegou seu partido de surpresa e não foi bem recebida entre os tucanos. A guinada aconteceu três dias depois de o PSDB ter anunciado a manutenção do apoio à gestão peemedebista.
No final de maio, Fernando Henrique avaliou, a dois interlocutores, que Temer não conseguiria se manter no Palácio do Planalto até o fim de seu mandato. Por outro lado, FHC afirmou a pessoas próximas que o PSDB não podia “trair” Temer. Na mesma época, o ex-presidente ligou para o peemedebista e, segundo integrantes do Planalto, o aconselhou a “resistir” e a “ficar firme”. Dois dias antes o tucano havia publicado um texto em suas redes sociais argumentando que, caso as alegações da defesa dos implicados na delação da JBS não fossem convincentes, eles “terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia”.
Em texto encaminhado aos veículos de imprensa, o ex-presidente defendeu que seria um “gesto de grandeza” de Temer pedir a antecipação de eleições gerais. FHC começa dizendo que sua percepção sobre a situação política do Brasil tem sofrido “abalos fortes”. Para ele, falta “legitimidade” a Temer para governar. Diante desse cenário, o ex-presidente diz ter mudado sua opinião de que seria um golpe a convocação de eleições antes do término do mandato de Temer, em 2018.
Um dos fundadores do PSDB, o ex-deputado Arnaldo Madeira disse discordar da proposta de antecipação das eleições, mas não quis comentar o comportamento de FHC desde que a atual crise política se agravou. Madeira afirmou que o PSDB sempre teve dificuldade de definir seus posicionamentos políticos.
“O PSDB sempre foi assim. O partido tem quadros muito qualificados, agora, do ponto de vista de posicionamento político, o PSDB sempre teve dificuldade de definir claramente o que é. Mesmo quando o Fernando Henrique era presidente, o PSDB tinha dificuldade de dar apoio integral ao governo. O PSDB não consegue ter posição clara sobre as questões fundamentais do País”, disse o ex-deputado.
Procurado, o ex-presidente não quis falar. Uma pessoa próxima a ele disse que FHC é um “outsider”, e não um “player”, no sentido de que ele teria mais liberdade para manifestar opiniões, já que não possui um cargo formal no comando partidário. Ele é presidente de honra do PSDB.
O secretário-geral do partido, deputado Silvio Torres (SP), ressaltou que FHC continua defendendo que o PSDB mantenha a sustentação ao governo. E minimizou a divulgação do texto logo após a reunião na qual os tucanos decidiram permanecer na gestão peemedebista: “Ele não está envolvido no dia a dia do partido. Ele olha de fora e cada hora vê uma coisa”.