Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2017
A assessoria jurídica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que são falsas as acusações do ex-ministro Antonio Palocci de que o líder petista sabia do uso de dinheiro de propina da Odebrecht, decorrente de contratos da Petrobras, pelo partido e pelo Instituto Lula. De acordo com a defesa de Lula, as declarações do ex-titular da Fazenda só podem ser compreendidas como uma tentativa de se livrar da prisão, ao entregar o que o MPF (Ministério Público Federal) deseja.
“A história que Antonio Palocci conta é contraditória em relação a outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sergio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula”, diz nota.
De acordo com a defesa, o ex-ministro repete o que ocorreu com Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, que também confirmou ao MPF que o apartamento triplex do Guarujá (SP) estava reservado a Lula e era fruto de propinas por contratos na estatal petroleira. “Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender, como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público para obter redução de pena e que, no processo do triplex, foi de Léo Pinheiro”, argumentou.
Para a defesa do petista, a acusação do MPF diz que o terreno, que supostamente seria para o Instituto Lula, mas nunca foi usado, teria sido comprado com dinheiro de propina da Petrobras apenas para que o processo fique com Moro, juiz responsável pela Operação Lava-Jato e a quem o petista acusa de parcialidade na condução dos processos contra ele. “A acusação do Ministério Público fala que o terreno teria sido comprado com recursos desviados de contratos – e só por envolver Petrobras, o caso é julgado no Paraná por Sergio Moro. Não há nada no processo ou no depoimento de Palocci que confirme isso.”
Reação
O depoimento incriminando Lula dividiu opiniões até mesmo entre militantes, dentro e fora das redes sócias. Segundo fontes ligadas a ambas as partes, no entanto, a “traição” do ex-ministro não foi surpresa para quem acompanha os bastidores do que se passa em Curitiba (PR), onde o de Antonio Palocci está preso desde setembro de 2016.
Afinal, o acordo de colaboração premiada de Palocci estava travado e a pressão era gigantesca. Na avaliação do advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, o fato de Palocci ter comparecido diante do juiz Sérgio Moro com novos advogados foi bastante indicativo. “Isso evidencia a negociação do acordo. Palocci mudou a versão anterior para ganhar benefícios”, criticou. Na audiência anterior, em maio, Palocci havia inocentado o ex-presidente.