Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2015
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou nesta segunda-feira, em interrogatório à Justiça, em Curitiba (PR), que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi um dos beneficiários no esquema de corrupção na Petrobras. Costa e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros réus ouvidos em uma das ações da relacionadas à 10ª fase da Operação Lava-Jato, que tem entre os acusados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.
Durante quase quatro horas, os delatores detalharam como funcionou o esquema de corrupção na estatal. Além de Calheiros, eles citaram o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) como um dos beneficiários da propina. Em delação premiada, Costa disse que os pagamentos ao peemedebista “furaram” o teto de 3% estabelecido como limite dos repasses a políticos no esquema. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal determinou a abertura de inquérito para investigar a denúncia. O criminalista Roberto Telhada, que defende executivos da OAS citados em uma ação penal da mesma fase, perguntou a Costa quem lhe dava sustentação política no PMDB.
“O senador Renan Calheiros era um dos que me dava sustentação. Não, comigo não (negociou propina). Mas ele tinha lá um representante, um deputado Aníbal Gomes que algumas vezes negociou isso comigo. O Senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim”, afirmou Costa em depoimento à Justiça.
Em seu depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que recebeu “um pouco mais de US$ 30 milhões” em propina no exterior e no Brasil o valor ficou entre R$ 6 e 8 milhões. Segundo o delator, além de contas em seu próprio nome no exterior, controlada pelo operador Bernardo Freiburghas, recebeu dinheiro desviado em uma conta em nome de seus dois genros. O depósito nesse caso teria sido feito por Fernando Soares. Na saída do Tribunal, em Curitiba, Telhada questionou os valores declarados pelo ex-diretor.
O doleiro foi questionado pela defesa da OAS sobre os pagamentos a Costa. Youssef afirma: “Eu entreguei a ele em torno de R$ 60 milhões aqui no Brasil”. (AG)