Sábado, 17 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2021
Um delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro foi preso em flagrante, na manhã desta sexta-feira (12), pelos crimes de receptação e uso ou venda de produtos falsificados. De acordo com investigações da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que solicitou apoio da Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPOL), Marcelo Machado Portugal é proprietário de uma confecção que produz roupas de marcas diversas sem autorização legal. No estabelecimento e na casa do policial, ambos na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi apreendida grande quantidade de peças que será encaminhada à perícia por haver indícios de que se trata de pirataria. A Corregedoria Interna da corporação acompanha a ação.
A operação desta sexta foi batizada como “Raposa no Galinheiro”, uma alusão a um ditado popular que diz que o suspeito de um crime é o mesmo que zela por aquilo que está sendo investigado.
Atualmente, Portugal está lotado no 38ª DP (Brás de Pina). O empresário Alfredo Baylon acompanhou as buscas na empresa da dupla, na Tijuca. Em seguida, ele recebeu voz de prisão pelo mesmo crime do qual o delegado é suspeito.
O inquérito da DRCPIM apontou que Marcelo abriu a empresa em agosto de 2020, quando estava lotado na Corregedoria Interna da corporação. Além do delegado, seu sócio, o empresário Alfredo Baylon Dias, também foi alvo do mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari Machado Manfrenatti, da 11ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. O magistrado negou o pedido de prisão feito contra eles.
Ainda segundo o inquérito de Demétrio, Marcelo é operador de um grupo criminoso composto por outros quatro delegados. Esses policiais também sao investigados. Segundo o inquérito da DRCPIM que embasou a decisão judicial, “a empresa que utiliza da marca (Universal City Studios LLC) e falsifica os produtos é uma das maiores estamparias de personagens da cidade do Rio”. A DRCPIM diz que as provas coletadas nesta investigação serão repassadas à Corregedoria da corporação.
Segundo Demétrio, a apuração do suposto delito começou em meados do ano passado após denúncias de comerciantes que estariam supostamente sendo intimidados.
“No meio do ano passado alguns comerciantes de Petrópolis (na Região Serrana) e Duque de Caxias (na Baixada Fluminense) nos procuraram para informar que estavam sendo ameaçados e coagidos a participarem de um esquema proposto por outros empresários, a maioria autuado por nós. Esses comerciantes (que faziam as ameaças) disseram que os outros lojistas iriam receber uma falsa facilidade (para continuarem trabalhando ilegalmente) e que a direção da DRCPIM seria trocada para que não houvesse mais fiscalização. Começamos a investigação e chegamos a esse grupo. O delegado preso se comunicava com outro grupo (para cometer os crimes) e hoje chegamos nessa fábrica e encontramos farto material”, conta Demétrio.
Ainda segundo o policial, durante as investigações, uma empresa fez contato com a polícia e avisou que seus produtos estavam sendo falsificados.
“Uma marca informou sobre a falsificação e levou para a gente o material. Isso casou com uma investigação que estava em andamento”, lembra o policial.
Demétrio classificou a suspeita contra agentes públicos participando de um suposto esquema de falsificação como um fato “assustador”: “Agora, vou remeter tudo à Corregedoria, que vai continuar a investigação. A minha atribuição foi em relação à falsificação. A partir desse momento, todos os agentes públicos supostamente envolvidos nesse esquema serão investigados pela Corregedoria. É ela que vai dizer quais são os crimes nos quais eles estão envolvidos.”
Na loja do delegado, na Tijuca, os investigadores encontraram roupas que, segundo a DRCPIM, eram falsificadas. Blusas com inscrições de desenhos em quadrinhos foram achadas no local. O maquinário usado para produzir o material foi apreendido.
Blusas com inscrições da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), unidade da Polícia Civil, também foram encontradas. Os investigadores vão encaminhar o material para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para averiguar se ele é original ou falsificado.
O delegado Maurício Demétrio afirma que a Polícia Civil tem uma normativa que regulamenta quem pode produzir o fardamento e como isso deve ser feito: “Existe uma norma administrativa sobre como deve ser feita a confecção das camisas da Polícia Civil. Vou remeter isso à Corregedoria, inclusive com esse material apreendido.” As informações são do jornal Extra.