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Cinema Denise Fraga estreia filme “Livros Restantes”, analisa passagem do tempo e reflete sobre etarismo

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Denise Fraga em cena do filme “Livros Restantes”. (Foto: Divulgação)

Aos 61 anos, Denise Fraga estreia um novo capítulo na carreira com “Livros Restantes”, filme dirigido por Márcia Paraiso em que interpreta Ana Catarina, uma mulher que, aos 50 anos, decide revisitar a própria trajetória por meio de lembranças e encontros que atravessaram sua vida. O longa, que acaba de chegar aos cinemas, discute memória, envelhecimento e o papel da literatura como guardiã de histórias.

Segundo Denise, o que mais a atraiu no projeto foi a delicadeza com que a personagem é construída. “A Ana Catarina é uma mulher 50+ que decide revisitar sua própria vida a partir das pessoas que cruzaram seu caminho… É uma personagem madura, cheia de nuances, que nos faz refletir sobre memória, relações e a coragem de recomeçar”.

Ela destaca que o papel dialoga diretamente com seu momento artístico e cita trabalhos recentes que escolheu não apenas como atriz, mas como alguém que deseja imprimir uma visão de mundo na cena. “Então, não é só sobre ter trabalho, é sobre ter voz”.

Denise também ressalta a presença majoritariamente feminina na equipe da produção e afirma que essa construção já traz, por si só, uma dimensão política. “As mulheres têm um olhar muito atento ao detalhe, uma sensibilidade para o indizível, e o cinema é feito exatamente disso”.

Assim como a personagem, a artista reconhece que a maturidade é um campo de transformações profundas, algumas desejadas, outras impostas pela vida. “A passagem do tempo é cheia de desafios, mas também de liberdade. A menopausa, por exemplo, foi um período difícil para mim. Precisei buscar ajuda, inclusive fazer reposição hormonal, para atravessar essa fase com mais equilíbrio. Mas, ao mesmo tempo, foi quando comecei a pensar de forma muito consciente sobre como queria viver o resto da minha vida”.

Denise analisa que a vida oferece oportunidades de mudança o tempo todo, e, depois dos 50, passou a prestar ainda mais atenção nessas brechas. “Vivi transformações pessoais e profissionais que exigiram coragem e confiança no desconhecido, e, claro, dá medo. Fomos educadas a acreditar que, depois de certa idade, devemos desejar menos e ocupar menos espaço. Mas o que tenho visto, e isso dialoga muito com a Ana Catarina, é que as mulheres estão reescrevendo esse roteiro: estão se permitindo arriscar, questionar e recomeçar. O medo existe, mas a vontade de não desperdiçar a vida é maior”, observa.

Para a atriz, o etarismo permanece forte, inclusive no audiovisual, mas ela nota uma mudança impulsionada pela própria geração de mulheres que se recusa a desaparecer. “O etarismo ainda existe, mas há um movimento bonito e coletivo de afirmação. As mulheres 50+, 60+ e além estão sendo vistas porque decidiram se ver, e isso muda tudo”.

A artista cita exemplos de colegas atrizes que vêm protagonizando personagens complexas, e destaca que, hoje, ela própria tem recebido convites e papéis que antes seriam improváveis. “Há pouco tempo se esperava que, aos 60, uma mulher se recolhesse; hoje, elas estão recomeçando, criando, vivendo intensamente. E a arte acompanha isso. O trabalho da Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’ e da Débora Bloch como Odete (no remake de ‘Vale Tudo’) mostra como personagens maduras estão ganhando complexidade e espaço”, destaca. “Na minha carreira, também sinto essa virada: tenho protagonizado filmes e recebido novos convites, algo que antes era raro para mulheres da minha idade”, completa.

A conexão entre a atriz e os livros não fica apenas no roteiro. Denise sempre encontrou na leitura uma forma de reorganizar afetos e trajetórias. “Os livros sempre foram um refúgio e uma forma de entender o mundo, assim como acontece com a Ana Catarina”, diz.

Ela lista obras que a acompanharam em diferentes idades, de Machado de Assis a Valter Hugo Mãe, além de autores contemporâneos que seguem alimentando sua reflexão. “Alguns me marcaram profundamente. ’30 Contos’, de Machado de Assis, foi um livro fundamental da minha juventude; redescobri Machado adulta e entendi sua genialidade ao revelar nossas hipocrisias sociais. ‘O Filho de Mil Homens’, do Valter Hugo Mãe, é um dos livros que mais me emocionou na vida, daqueles de chorar em público mesmo”.

Recentemente, leituras como ‘Sonho Manifesto’, de Sidarta Ribeiro, ‘Tudo Sobre o Amor’, da Bell Hooks, e ‘O Poder do Mito’, do Joseph Campbell, também têm acompanhado a atriz. “E autoras como Wislawa Szymborska e Olga Tokarczuk sempre me lembram que a literatura é, acima de tudo, esse lugar onde nunca estamos sozinhos”.

Ao olhar para o futuro e analisar sua trajetória em 2025, Denise fala em “terceiro ato”. “Em 2025, fiz duas peças e dois filmes. Esses dois filmes não eram projetos exatamente meus, mas foram convites e tive a sorte de que eram filmes que diziam o que eu queria dizer. Acho isso uma glória, uma raridade, eu estar tanto no teatro, onde sou produtora e falo o que quero falar, como no cinema, dizendo coisas importantes e que acho que precisam ser ditas, isso é uma felicidade para um artista. Eu fico muito feliz com esse momento”, celebra.

Apesar de ter feito 60 anos, no ano passado, a atriz diz que 2025 lhe trouxe um verdadeiro novo ciclo. “Eu perdi minha mãe este ano e sinto profundamente que estou começando a viver o resto da minha vida. Estou no primeiro ano do meu “terceiro ato”. E estou muito animada”, conclui. As informações são do jornal O Dia.

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